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    Admito que não era necessário, diz Zucco à CNN sobre oferecer “remédio ou hambúrguer” a Sâmia em CPI

    Em entrevista à CNN, presidente da CPI do MST argumentou que não era um ataque pessoal, mas sim "à ideologia da deputada"

    Elis FrancoLéo Lopesda CNN , São Paulo

    O deputado federal Tenente-Coronel Zucco (Republicanos-RS) disse à CNN, neste sábado (5), que admite ter sido uma provocação desnecessária o episódio envolvendo ele e a deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP) na sessão da CPI do MST de quinta-feira (3).

    Durante um bate-boca, Zucco, que preside a Comissão Parlamentar de Inquérito, disse que a parlamentar deveria “ficar mais calma” e acrescentou: “A senhora está nervosa, deputada? Quer um remédio ou quer um hambúrguer?”

    A fala gerou um bate-boca entre a base governista e parlamentares aliados de Zucco. Sâmia denunciou à Procuradoria-Geral da República (PGR) e ao Conselho de Ética da Câmara a fala do presidente da CPI.

    Em entrevista à CNN neste sábado, Zucco alegou que “a deputada Sâmia Bomfim já tem um histórico largo de agressões a todos os parlamentares”.

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    Ele chamou de “provocação que não foi propícia” a fala que fez, e argumentou que não era um ataque pessoal, mas sim “à ideologia da deputada”.

    “Foi uma provocação pontual, que admito que não era necessária. Mas aí para falar de um preconceito, de um ataque pessoal… Ela mesma já tinha anteriormente solicitado calmante para esse presidente, para o relator”, acrescentou.

    Zucco ainda alegou que a deputada “nas redes sociais, utiliza algumas fotos dizendo que um dos lanches prediletos dela é o hambúrguer, mas se vitimizou”.

    “O respeito tem que ser mútuo. Eu espero que, não só ela responda no Conselho de Ética, como aprenda com os erros”, concluiu.

    Não podemos naturalizar essas situações, diz Sâmia à CNN

    A deputada Sâmia Bomfim também falou à CNN neste sábado e afirmou que não se pode naturalizar situações como a que ocorreu na sessão de quinta-feira.

    A parlamentar disse que “não foi um fato isolado” a declaração do presidente da Comissão.

    “Desde o primeiro dia de sua instalação, ela [a CPI do MST] tem sido um palco de misoginia. Foi por isso que a PGR abriu um inquérito para apurar se há violência política de gênero. A gente vê cenas de corte de microfone, interrupções e ofensas para tentar nos desqualificar ou nos intimidar em nossa atividade parlamentar”, afirmou.

    “Quando um parlamentar se dirige assim a uma mulher dentro da Câmara, as demais mulheres que assistem se sentem vitimadas também pelo que acontece. Pior do que isso, os homens do lado de fora se sentem autorizados a fazer o mesmo. A Câmara deveria ser um espaço pedagógico para a população, e não um espaço de perpetuação da violência”, completou.

    Sâmia ainda rebateu as acusações de deputados da oposição, e do próprio Zucco, que ela teria ofendido parlamentares da Comissão em outras ocasiões.

    “É muito comum que os homens achem desproporcional, fora do tom, ou que nos chamem de histéricas ou barraqueiras quando a gente reage a algum tipo de violência. Eu não vou mudar minha postura enquanto aquilo for um ambiente de violência política”, disse.

    Para a parlamentar, o caminho para diminuir a ocorrência de episódios como esse é “não naturalizar situações como essa, não deixar mais uma vez que a impunidade reine naquele espaço”.

    “Eu não fui a primeira. Não é um fato isolado. Talvez tenha mais episódios comigo esse ano porque a CPI tem uma maioria de homens de extrema-direita e estou ali como uma das poucas deputadas que estão ali para defender o Movimento [Sem Terra] e eu sou uma deputada mulher. Então é uma combinação de fatores que faz isso se apresentar contra mim o tempo todo. Mas são muitas deputadas que são vítimas de ações como essa”, concluiu.

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