Acordo do Ministério de Saúde com SP sobre Coronavac é de intenção de compra
Documento foi enviado pelo ministro Eduardo Pazuello a Dimas Covas, diretor-geral do Instituto Butantan, no dia 19
O Ministério da Saúde formalizou por meio de um ofício enviado na segunda-feira (19) a intenção de comprar a vacina Coronavac, produzida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, em São Paulo.
O documento foi enviado pelo ministro Eduardo Pazuello a Dimas Covas, diretor-geral do Instituto Butantan. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse nesta quarta-feira (21) que já mandou cancelar o ofício em questão.
“Nesta oportunidade, informo a intenção deste Ministério da Saúde em adquirir 46 milhões de doses da referida vacina (Vacina Butantan – Sinovac/Covid-19), em desenvolvimento pelo Instituto Butantan, ao preço estimado de US$ 10,30 (dez dólares e trinta centavos) por dose, seguindo as especificações da vacina e o respectivo cronograma de entrega”, diz o ofício.
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O documento indica que “não possui caráter vinculante”, já que só é possível prosseguir com o processo de aquisição após o registro da vacina na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
“Entretanto, com intuito de auxiliar as análises que estão sendo realizadas no âmbito desta pasta […], solicito o urgente encaminhamento de todos os documentos comprobatórios dos ensaios clínicos já realizados e daqueles que estão em andamento, referentes à Vacina Butantan-Sinovac”, de acordo com o ofício.
Bolsonaro reage
O anúncio da compra das 46 milhões de doses da vacina Coronavac foi feito pelo Ministério da Saúde nessa terça-feira (20), após uma reunião de Pazuello com governadores estaduais.
Nesta quarta, Bolsonaro disse, em entrevista à imprensa, que “uma pessoa tentou tirar proveito político em cima disso [da discussão da Coronavac]”, referindo-se ao governador de São Paulo, João Doria.
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“Ele tinha audiência marcada para hoje com o ministro Pazuello, mas ele passou mal. Depois o ministro fez uma videoconferência com os outros governadores, onde o João Doria entrou no circuito e ele [Doria], acabando a videoconferência, correu para a imprensa falar que ele havia assinado protocolo para aquisição da vacina chinesa. Estas são as palavras dele”, afirmou o presidente.
De acordo com Bolsonaro, “nada será expedido agora para comprar a vacina da China”, a qual ele desconhece.
Vacina não será comprada
Nesta manhã, o presidente afirmou que a Coronavac não será comprada pelo governo federal. A afirmação foi feita em resposta ao comentário de uma pessoa no Facebook.
“Presidente, a China é uma ditadura, não compre essa vacina, por favor. Eu só tenho 17 anos e quero ter um futuro, mas sem interferência da ditadura chinesa”, escreveu o indivíduo. Bolsonaro respondeu: “Não será comprada.”
Horas depois, na mesma rede social, o presidente apresentou uma justificativa para a decisão. “Para o meu governo, qualquer vacina, antes de ser disponibilizada à população, deverá ser comprovada cientificamente pelo Ministério da Saúde e certificada pela Anvisa”, escreveu ele, referindo-se à Coronavac como “a vacina chinesa de João Doria”.
Bolsonaro disse também que a população brasileira “não será cobaia de ninguém”. “Não se justifica um bilionário aporte financeiro num medicamento que sequer ultrapassou sua fase de testagem. Diante do exposto, minha decisão é a de não adquirir a referida vacina”, concluiu.
De acordo com a gestão Doria, a Coronavac teve os menores índices de reações em comparação a outros imunizantes contra a Covid-19. Dimas Covas informou que o sintoma mais frequente nos testes com 9 mil voluntários brasileiros foi dor no local da aplicação, relatada por 18% das pessoas testadas.
A primeira fase de testes clínicos da Coronavac no Brasil terminou na sexta-feira (16), apontando pouco mais de 5% de efeitos colaterais entre quem recebeu a vacina.
Pasta nega previsão de compra
No fim desta manhã, o Ministério da Saúde negou que haja previsão de compra de Coronavac. “Não há intenção de compra de vacinas chinesas”, afirmou o secretário-executivo da pasta, Elcio Franco. “Não houve qualquer compromisso com o governo do estado de São Paulo, ou seu governador, no sentido de aquisição de vacinas contra a Covid-19”, enfatizou.
“Qualquer vacina, quando estiver disponível, certificada pela Anvisa, e adquirida pelo Ministério da Saúde, poderá ser oferecida aos brasileiros por meio do Programa Nacional de Imunizações, e no que depender desta pasta, não será obrigatória”, concluiu Franco.
(Com informações de Henrique Melo, da CNN, em São Paulo)