Aceno de Doria a Moro junta duas rejeições grandes, diz presidente do Locomotiva
Tarefa da terceira via nas eleições presidenciais de 2022 é "quase impossível", avalia Renato Meirelles
Uma possível aliança entre João Doria, definido como candidato do PSDB a presidente nas prévias do partido, e Sergio Moro (Podemos) pode criar uma grande rejeição à candidatura nas eleições de 2022, avaliou o presidente do Instituto Locomotiva, Renato Meirelles, em entrevista à CNN na noite deste domingo (28).
“É difícil o desafio da construção da terceira via porque Doria, além de problemas em seu estado de origem, conta com uma das maiores rejeições. Praticamente seis em cada dez brasileiros afirmam que não votariam nele de forma alguma, número semelhante ao do atual presidente Bolsonaro e do ex-juiz Sergio Moro. Esse aceno que ele faz ao ex-juiz, na prática, junta duas rejeições grandes dos dois polos que disputam a eleição: os eleitores de Lula e os bolsonaristas”, afirmou Meirelles.
“As candidaturas de centro e centro-direita vão focar o esforço na desidratação do governo Bolsonaro, que tem um eleitor muito consolidado, que resistiu a abandonar o governo mesmo com as situações da ausência de vacinas, o processo de queimadas na Amazônia, os problemas no Enem. Bolsonaro dava pouca importância a qualquer grupo político que não o seu próprio. Na prática isso o consolidou com um quarto do eleitorado, suficiente para levá-lo ao segundo turno”, analisou.
Para Meirelles, será difícil a conquista dos votos polarizados. “A tarefa da terceira via não é fácil. Em condições normais de temperatura e pressão é quase impossível, dada a consolidação atual na candidatura do Lula e de Bolsonaro”.
E a união de quem não gosta de nenhum dos que lideram as pesquisas em torno do mesmo candidato é complexa. “Não é fácil essa disputa pela terceira via porque esse centro não é homogêneo. Não podemos dizer que o eleitor do Ciro Gomes é o mesmo de Sergio Moro.”
(Publicado por Wellington Ramalhoso)
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