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    Eleições 2022

    Aborto e crises institucionais são entraves a Lula e Bolsonaro, mostra pesquisa

    Pesquisa Quaest divulgada nesta quarta (11) aponta Lula com 46% das intenções de voto, ante 29% de Bolsonaro

    Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro
    Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro Foto: José Cruz/Agência Brasil e Mateus Bonomi/Agif - Agência de Fotografia/Estadão Conteúdo

    Iuri Pitta

    Dados da pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira (11) jogam luz sobre temas que podem ser entraves no desempenho dos dois principais pré-candidatos à Presidência da República. Questões relacionadas a uma eventual flexibilização da legislação atual sobre o aborto e a crises institucionais, como conflitos com o Supremo Tribunal Federal (STF) e ataques ao sistema eletrônico de votação, revelam-se contraproducentes tanto para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quanto para o presidente Jair Bolsonaro (PL).

    O petista viu sua liderança diminuir ou ser perdida em segmentos relevantes, como o eleitorado evangélico, após declarações sobre a ampliação do direito ao aborto – atualmente, a interrupção da gravidez só é permitida em casos de estupro, risco de morte para a mãe ou anencefalia do feto.

    O risco a Lula, explica o cientista político e diretor da Quaest, Felipe Nunes, é que um contingente razoável de eleitores não teve conhecimento das declarações – o ex-presidente disse no dia 5 de abril que a interrupção de gravidez indesejada deveria ser tratada como questão de saúde pública, pois mulheres pobres correm risco ao fazer o procedimento clandestinamente, e no dia seguinte Lula afirmou que pessoalmente é contra o aborto.

    Mais da metade (53%) dos entrevistados só soube das declarações ao ser perguntada sobre o assunto pelos pesquisadores da Quaest, ante 44% que se disseram informados a respeito. Por sua vez, 50% afirmaram que um posicionamento favorável ao aborto diminui as chances de votar em um candidato, ante 40% que não são afetados pela pauta e 5% que veem aumentar a possibilidade de escolha.

    Quando se analisam as respostas dos eleitores evangélicos, que representam cerca de 30% dos votantes brasileiros, 62% disseram que a chance de voto diminui –entre os católicos, o índice é de 48%. Mesmo com maior sensibilidade ao assunto, a pesquisa aponta que 47% dos evangélicos não sabiam das declarações de Lula. “Isso mostra que ainda pode haver mais perda de eleitores nesse segmento, à medida que essa informação chegar a mais pessoas”, explica Felipe Nunes.

    Nesta edição da pesquisa Genial/Quaest, a vantagem de Bolsonaro sobre Lula entre evangélicos é a maior da série histórica: o presidente teve 47%, ante 30% do petista. Entre católicos, que representam 51% do eleitorado, Lula tem 53%, e Bolsonaro, 27%.

    Indulto e urnas

    A pesquisa também aponta riscos para a trajetória de recuperação de Bolsonaro, iniciada em novembro, quando registrou os piores índices de avaliação do governo e maior distância nas intenções de voto em relação a Lula. Crises institucionais, como a provocada pela concessão de perdão ao deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) após condenação pelo STF, ou o questionamento às urnas eletrônicas não agregam votos ao pré-candidato à reeleição –ao contrário, distanciam o eleitor que busca alternativas à polarização.

    A graça concedida ao parlamentar condenado após ter feito ameaças a ministros do Supremo é uma informação mais conhecida pelo eleitorado (56% já sabiam do perdão dado por Bolsonaro, ante 42% que só foram informados do caso pelo entrevistador) e criticada pelo maior contingente: 45% consideram errado o indulto, ante 30% que consideram correto.

    O risco, aponta o diretor da Quaest, é que a avaliação positiva está concentrada em quem já declara voto no presidente, enquanto 54% dos que preferem que as eleições não sejam vencidas nem por Bolsonaro, nem por Lula reprovam o indulto. Quando se somam os entrevistados que dizem que o indulto diminui as chances de votar no pré-candidato à reeleição aos que já não votam nele, chega-se a 57% do eleitorado.

    “Esse dado, analisado em conjunto com o aumento da confiança nas urnas eletrônicas, mostra que as crises institucionais, que são constantes no atual governo, mais atrapalham do que ajudam a campanha à reeleição”, diz Nunes.

    A Quaest também perguntou se o eleitor confia nas urnas eletrônicas. Quatro em cada 10 entrevistados disseram confiar muito e 35% afirmaram confiar um pouco (eram 29% em setembro, última vez que a pergunta foi feita). Os que não confiam, apesar dos novos ataques ao sistema feitos por Bolsonaro, caíram de 27% para 22%. Novamente, essa desconfiança fica concentrada praticamente entre quem já vota no presidente – mesmo assim, 40% dos eleitores de Bolsonaro disseram confiar um pouco e 23%, confiar muito no dispositivo.

    Dados sobre a pesquisa

    A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Duas mil pessoas foram entrevistadas face a face entre os dias 5 e 8.

    O levantamento tem 95% de confiança. Ou seja, se 100 pesquisas fossem realizadas, ao menos 95 apresentariam os mesmos resultados dentro desta margem.

    A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o protocolo BR-01603/2022.

    Debate

    CNN realizará o primeiro debate presidencial de 2022. O confronto entre os candidatos será transmitido ao vivo em 6 de agosto, pela TV e por nossas plataformas digitais.