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    Abin Paralela: áudio aponta que Bolsonaro e Ramagem discutiram plano para anular investigação contra Flávio Bolsonaro

    Ex-diretor da agência, segundo a PF, sugeriu identificar supostas irregularidades cometidas por auditores da Receita Federal em relatório que deu origem a investigação sobre "rachadinha" contra o filho do ex-presidente

    João Rosada CNN , Brasília

    A Polícia Federal (PF) afirma ter identificado um áudio de uma reunião entre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem – agora deputado federal pelo PL – e o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) general Augusto Heleno, em que eles, supostamente, discutem um plano para anular uma investigação contra o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) no caso das “rachadinhas”.

    A informação consta na decisão que autorizou a operação da PF, deflagrada nesta quinta-feira (11), contra ex-servidores da Abin e influenciadores do chamado “gabinete do ódio” por espionagem ilegal.

    O áudio é de agosto de 2020, tem uma hora e oito minutos de duração e foi encontrado em um dos aparelhos telemáticos de Ramagem apreendidos pela PF.

    Na reunião, segundo consta na decisão, também estava presente uma das advogadas de Flávio Bolsonaro.

    De acordo com a PF, durante o encontro, eles discutiram supostas irregularidades cometidas pelos auditores da Receita Federal na realização do relatório de Inteligência Fiscal que deu origem às investigações contra o filho do ex-presidente.

    Segundo o relatório, no áudio é possível identificar Ramagem tentando articular um plano para que as investigações fossem anuladas.

    “Neste áudio é possível identificar a atuação do delegado Alexandre Ramagem indicando, em suma, que seria necessário a instauração de procedimento administrativo contra os auditores da Receita com o objetivo de anular a investigação, bem como retirar alguns auditores de seus respectivos cargos”, consta no documento.

    O relatório também aponta que a Abin teria espionado auditores da Receita Federal que apuravam o esquema de suposta “rachadinha” contra Flávio Bolsonaro.

    O que diz Flávio Bolsonaro

    Em nota, o senador disse que nunca manteve qualquer relação com a Abin e afirmou que a operação tem objetivo de interferir nas eleições municipais.

    “A divulgação desse tipo de documento, às vésperas das eleições, apenas tem o objetivo de prejudicar a candidatura de Alexandre Ramagem à prefeitura do Rio de Janeiro”, afirmou o senador.

    A CNN entrou em contato com Heleno e Bolsonaro, mas até o momento não obteve respostas.

    O que diz Alexandre Ramagem

    O ex-diretor-geral da Abin se manifestou, nas redes sociais, a respeito do caso na manhã desta sexta-feira (12).

    “Após as informações da última operação da PF, fica claro que desprezam os fins de uma investigação, apenas para levar à imprensa ilações e rasas conjecturas.

    O tal do sistema first mile, que outras 30 instituições também adquiriam, parece ter ficado de lado.

    A aquisição foi regular, com parecer da AGU, e nossa gestão foi a única a fazer os controles devidos, exonerando servidores e encaminhando possível desvio de uso para corregedoria. A PF quer, mas não há como vincular o uso da ferramenta pela direção-geral da Abin.

    Trazem lista de autoridades judiciais e legislativas para criar alvoroço. Dizem monitoradas, mas, na verdade, não. Não se encontram em first mile ou interceptação alguma. Estão em conversas de WhatsApp, informações alheias, impressões pessoais de outros investigados, mas nunca em relatório oficial contrário à legalidade.

    Não há interferência ou influência em processo vinculado ao senador Flávio Bolsonaro. A demanda se resolveu exclusivamente em instância judicial.

    A PGR não foi favorável às prisões da operação, mas a Justiça desconsiderou a manifestação.

    Há menção de áudio que só reforça defesa do devido processo, apuração administrativa, providência prevista em lei para qualquer caso de desvio de conduta funcional.

    Houve finalmente indicação de que serei ouvido na PF, a fim de buscar instrução devida e desconstrução de toda e qualquer narrativa.

    No Brasil, nunca será fácil uma pré-campanha da nossa oposição. Continuamos no objetivo de legitimamente mudar para melhor a cidade do Rio de Janeiro.”

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