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    Eleições 2022

    A um mês do 1º turno, presidenciáveis já percorreram até 15 mil km atrás de votos

    Eleição está marcada para 2 de outubro; CNN mapeou distância percorrida e palavras mais repetidas por Lula, Bolsonaro, Ciro e Tebet

    Danilo MoliternoLeonardo RodriguesLuana Cataldida CNN , São Paulo

    Dezessete dias após o início oficial da campanha eleitoral e a um mês do primeiro turno, os quatro candidatos que pontuam no agregador de pesquisas CNN/Locomotiva, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Jair Bolsonaro (PL), Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB) percorreram de 6.000 a 15 mil quilômetros em viagens pelo país, participando de encontros com diferentes setores da sociedade, caminhadas, entrevistas e um debate na televisão.

    Completadas duas semanas de campanha e uma semana após o início do horário eleitoral gratuito no rádio e na TV, a CNN mapeou os trajetos percorridos pelos quatro principais candidatos, seus discursos e declarações mais marcantes. Região mais populosa, o Sudeste aparece como prioritário em todas as campanhas.

    O primeiro turno das eleições de 2022 está marcado para 2 de outubro.

    Luiz Inácio Lula da Silva (PT)

    Lula percorreu até aqui 11.425 km, como mostra o levantamento da CNN. O petista passou por seis cidades de cinco estados diferentes. Seu destino preferido foi São Paulo, onde esteve por oito vezes.

    Entre comícios e entrevistas, a palavra que Lula mais pronunciou foi “gente”. A CNN considerou a transcrição de seus discursos desde o início da campanha oficial.

    O petista começou a campanha em São Bernardo do Campo (SP), com um discurso em frente a uma fábrica de veículos. A cidade é marcante em sua trajetória política por ter sido palco de sua atuação sindical na década de 1970. Também ali, há quatro anos, Lula foi preso pela Polícia Federal após condenação na Lava Jato. Em 2021, o Supremo Tribunal Federal anulou os processos, restituindo seus direitos políticos.

    Além de voltar ao estado de São Paulo para outras dez agendas, todas na capital, ele passou ainda pelas cidades do Rio e de Belo Horizonte. No Centro-Oeste, foi ao Distrito Federal. Na região Norte, teve agenda em Manaus e em Belém.

    Em seu discurso de estreia, Lula citou uma das principais pautas de sua campanha: a defesa de sua administração, exercida de 2003 a 2010. Destacam-se nos discursos conjugações verbais como “era” e “fizemos”.

    O petista procurou fortalecer a ideia de pacificação política, com termos como “união” e “acordo”. Entre os acenos aos mais diversos setores, Lula propôs a criação dos ministérios da Segurança Pública, da Pequena e Média Empresa e dos Povos Originários.

    Em ato no Vale do Anhangabaú, na capital paulista, em 20 de agosto, ele acenou ao público evangélico, no qual Bolsonaro tem vantagem nas intenções de voto.

    “Não quero falar de religião, quero falar duas coisas para vocês, coisas que eu acredito, e quero dizer olhando nos olhos de vocês. Porque tem muita fake news religiosa correndo por esse mundo. Tem demônio sendo chamado de deus e tem gente honesta sendo chamada de demônio”.

    Luiz Inácio Lula da Silva (PT)

    Em entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, em 25 de agosto, o ex-presidente reconheceu casos de corrupção em seu governo, mas ressaltou ter agido para permitir investigações. Também listou medidas para dar maior transparência aos atos de governo.

    Em 28 de agosto, no primeiro debate presidencial, organizado pela TV Bandeirantes em parceria com UOL, TV Cultura e Folha de S.Paulo, os adversários recorreram aos escândalos de corrupção nos governos petistas para questioná-lo. Lula afirmou que a corrupção só veio à tona no período por criar mecanismos para escancará-la.

    Na propaganda eleitoral, o petista tem relembrado seus anos à frente do governo e comparado com a gestão Bolsonaro. As peças citam, por exemplo, a retirada do Brasil do Mapa da Fome, a abertura de universidades federais e a redução do desmatamento.

    Jair Bolsonaro (PL)

    Candidato à reeleição, Bolsonaro viajou quase tanto quanto Lula: cerca de 11.395 km. Ele passou por 13 cidades de seis estados. Seus destinos favoritos foram Minas Gerais e Brasília, com quatro visitas. O levantamento não considera locomoções para agendas presidenciais na capital federal, mas somente atos de campanha.

    O presidente iniciou a campanha em Juiz de Fora, onde foi alvo de um atentado em 2018. Nos últimos dias, ele retornou a Minas Gerais mais três vezes.

    Palavras como “Brasil”, “pessoal” e “governo” são frequentes em seus discursos. “Liberdade” e “ministro”, expressões que também têm protagonismo em suas falas, costumam aparecer durante críticas ao Poder Judiciário.

    A relação com o Supremo Tribunal Federal (STF) é uma das tônicas de sua campanha. No primeiro dia oficial, assim como os demais candidatos, o presidente foi à posse de Alexandre de Moraes no comando do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

    A relação não se manteve cordial em outras ocasiões. Na última terça-feira (30), Bolsonaro classificou como “absurda” a decisão de Moraes de autorizar uma operação de busca e apreensão contra oito empresários apoiadores do governo com base em mensagens trocadas pelo WhatsApp, nas quais teriam defendido um golpe de Estado em caso de vitória de Lula em outubro.

    Outra preocupação do presidente tem sido destacar o impacto do Auxílio Brasil. Ele reiterou que o benefício terá valor de R$ 600 no próximo ano, embora não esteja previsto no Orçamento. Em encontro com empresários na terça-feira (30), explicou que, para assegurar a manutenção do valor, apostaria na venda de estatais.

    “A LDO é algo fixo? Não dá para mudar? Nós temos um programa de, ao vender estatais, complementar isso aí. Vai conseguir vender. Vai ter R$ 600 no ano que vem”.

    Jair Bolsonaro (PL)

    No primeiro debate televisionado, Bolsonaro virou alvo dos adversários após criticar a jornalista Vera Magalhães, da TV Cultura. As candidatas Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (União) reagiram às suas falas e prestaram solidariedade à jornalista.

    Nesta quinta-feira (1º), Bolsonaro comemorou o anúncio de que o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 1,2% no segundo trimestre e a decisão da Petrobras de reduzir em 7% o preço de venda de gasolina para as distribuidoras, o que deve ter reflexo nos postos.

    Em suas aparições na TV e no rádio, afirmou que seu governo “deu o peixe” e “ensinou a pescar”, enquanto um “governo de esquerda” apenas “dava o peixe”. Seus programas dizem que, apesar da pandemia, o Brasil está voltando a crescer.

    Ciro Gomes (PDT)

    O ex-governador do Ceará e ex-ministro de Lula percorreu a maior distância entre os quatro candidatos desde o início da campanha, com mais de 15.585 km. Ele esteve em sete estados e 12 cidades. São Paulo, com sete passagens, lidera as visitas.

    Disputando a Presidência pela quarta vez, o pedetista iniciou a campanha com uma caminhada no bairro de Guaianazes, na periferia da capital paulista.

    “Brasil” foi o termo mais citado nos atos de campanha. Ciro usou os pronunciamentos para explicar a política econômica que planeja implementar. “Investimento”, “renda” e “imposto” foram palavras usadas para esclarecer seu “modelo” — outra das palavras mais usadas.

    Uma das propostas na área econômica é a implementação de um Programa de Renda Mínima, que promete garantir R$ 1.000 a cada família de baixa renda. O valor seria financiado pelos programas de transferência de renda já existentes, além do arrecadado com a taxação de grandes fortunas.

    “A possibilidade seria chegar em R$ 1.000 por domicílio para todas as famílias carentes do Brasil. Com status constitucional, para acabar com isso de chegar perto das eleições e chegar com PEC, ou ameaçar que, se não votar no partido X, vai acabar o auxílio”.

    Ciro Gomes (PDT)

    A economia também foi pano de fundo de fala que resultou em críticas a ele. Depois de discursar para empresários na última quarta-feira (30), no Rio, Ciro alegou ter realizado um “comício para gente preparada”. “Imagina eu explicar isso na favela?”, questionou.

    Com menos de um minuto de visibilidade no rádio e na TV, Ciro usa a propaganda eleitoral para divulgar suas três principais propostas: o programa de renda mínima; a Lei Antiganância, que limita o que financeiras podem cobrar de pessoas endividadas; e o refinanciamento de dívidas de 66,6 milhões de pessoas que estão com nome sujo.

    Destaca-se nos discursos e entrevistas do ex-ministro a repetição dos nomes “Lula” e “Bolsonaro”. Nos compromissos de campanha, ele costuma criticar esses dois adversários para se mostrar como “alternativa” à polarização.

    Monitoramento da Quaest nas redes durante o primeiro debate eleitoral, mostra que Ciro foi o candidato com maior porcentagem de referências positivas: 51%.

    Simone Tebet (MDB)

    A senadora por Mato Grosso do Sul concentrou as agendas em São Paulo, onde esteve onze vezes, e foi a presidenciável que menos viajou durante a campanha. Tebet percorreu cerca de 6.443 km. A candidata também escolheu São Paulo para abrir sua campanha e visitou 14 cidades de cinco unidades da federação.

    Além de “dinheiro”, a senadora teve – como seus concorrentes Ciro, Bolsonaro e Lula – “Brasil” e “gente” entre as palavras recorrentes de suas falas.

    Tebet tem trabalhado para se distanciar dos demais candidatos ao priorizar pautas relacionadas à responsabilidade fiscal, uma bandeira do ex-presidente Michel Temer, seu colega de partido. Entre as palavras mais ditas pela emedebista estão “dinheiro”, “responsabilidade” e “orçamento”.

    Em entrevista à CNN, em 29 de agosto, apontou a necessidade de condicionar o pagamento das parcelas do Auxílio Brasil, de R$ 600, à realização de reformas estruturais e defendeu o teto de gastos.

    “O teto de gastos é a única âncora fiscal que sobrou no país. O teto fica. A gente excepcionalmente, colocando regras, estabelece, para o ano que vem, que a gente precisa realmente tirar do teto o extra para garantir comida para quem precisa. (É preciso) condicionar à reforma tributária e administrativa a questão dos gastos para compensar e garantir, pelo menos, os R$ 600 para quem está passando fome”

    Simone Tebet (MDB)

    “O teto de gastos é a única âncora fiscal que sobrou no país. O teto fica. A gente excepcionalmente, colocando regras, estabelece, para o ano que vem, que a gente precisa realmente tirar do teto o extra para garantir comida para quem precisa. [É preciso] condicionar à reforma tributária e administrativa a questão dos gastos para compensar e garantir, pelo menos, os R$ 600 para quem está passando fome”

    A candidata não deixou, contudo, de acenar para investimentos em áreas estratégicas. Manifestou, por exemplo, a posição de que recursos direcionados à ciência e à tecnologia não sejam submetidos ao teto.

    “Mulher” também se destaca entre as palavras mais repetidas. Além de ter outra mulher compondo sua chapa – a também senadora Mara Gabrilli, do PSDB –, ela vocalizou a defesa dos direitos femininos durante o primeiro debate presidencial, além de, no primeiro debate de TV, ter questionado o presidente Bolsonaro a respeito de sua suposta “raiva das mulheres”.

    Seu desempenho no debate foi elogiado, o que levou sua campanha a avaliar que a candidatura cresceria nas pesquisas. Levantamento divulgado nesta quinta-feira (1º) mostrou que a senadora subiu de 2%, no início da campanha oficial, para 5%. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. A pesquisa foi registrada no TSE com o número BR-00433/2022.

    No horário eleitoral gratuito, a senadora destacou sua biografia e classificou a candidatura à Presidência como “o maior desafio de sua vida”. Ela prometeu, caso eleita, “comida mais barata”, saúde, educação, emprego e oportunidades.

    Debate

    As emissoras CNN e SBT, o jornal O Estado de S. Paulo, a revista Veja, o portal Terra e a rádio NovaBrasilFM formaram um pool para realizar o debate entre os candidatos à Presidência da República, que acontecerá no dia 24 de setembro.

    O debate será transmitido ao vivo pela CNN na TV e por nossas plataformas digitais.

    Fotos — Os candidatos e candidatas a presidente em 2022

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