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    À PF, ministro da Educação se diz constrangido e se desculpa por fala sobre gays

    Milton Ribeiro pediu desculpas cinco vezes aos delegados; em setembro, ele declarou que ‘gays vêm de famílias desajustadas’

    Daniel Adjutoda CNN

    Em depoimento à Polícia Federal no último dia 25, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, disse que não teve a intenção de desrespeitar ou magoar a sociedade brasileira ao afirmar que “gays vêm de famílias desajustadas”. A fala foi em entrevista ao jornal “O Estado de S. Paulo” em setembro do ano passado.

    No mesmo mês, a Procuradoria-Geral da República pediu ao STF a abertura de inquérito contra o ministro por homofobia. Desde 2019, o STF passou a enquadrar a prática como crime de racismo. Antes de decidir pela abertura da investigação, o relator, ministro Dias Toffoli, determinou que a Polícia Federal colhesse o depoimento de Milton Ribeiro.

    Aos delegados, o ministro da Educação pediu desculpas 5 vezes pelas declarações e afirmou que não teve a intenção de discriminar homossexuais. Na percepção dele, como relatou à PF, “a família dos gays são famílias como a sua” e “que se sentou com a sua família e se desculpou”.

    ministro da educação, Milton Ribeiro
    O ministro da educação, Milton Ribeiro
    Foto: ´CNN Brasil

    Milton Ribeiro afirmou ainda que, após ver a repercussão da entrevista, “entendeu que poderia ser interpretado de forma equivocada e que não queria que suas declarações fossem utilizadas por gente intolerante”. Pouco depois, no entanto, disse que “não acredita em intolerância” e que “vivemos em um país democrático e que as pessoas podem ter qualquer orientação e respeita a todas”.

    Questionado sobre a declaração em que afirma ter “certas reservas” sobre a presença de professores transgêneros em sala de aula e se demitiu algum docente pela orientação sexual ou identidade de gênero, o ministro da Educação respondeu que “não” e que “jamais faria isso de dar uma orientação dessas” a alguém da pasta.

    Com a tomada do depoimento, a Polícia Federal encaminhou ao Supremo, “com a maior brevidade possível”, um relatório das diligências feitas e os elementos jurídicos que permeiam o caso.

    No documento, a delegada Lauren Barga Salatino faz a distinção entre discriminação e preconceito. “O preconceito é o pensamento que existe no sentido de que certas pessoas ou grupos sociais são inferiores, nocivos, prejudiciais” e “a discriminação é a exteriorização do preconceito por meio da prática de atos materiais, é a segregação de um indivíduo ou grupo de indivíduos em razão de cor, etnia, orientação sexual”, escreveu reforçando que, para tais, é necessário o dolo, a intenção de cometer o crime.

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