Witzel vira réu na Justiça Federal acusado de desvios na área da saúde
Helena Witzel, esposa do ex-governador, ex-secretários Lucas Tristão e Edmar Santos e o presidente do PSC, Pastor Everaldo, também se tornaram réus
A Justiça Federal tornou réu o ex-governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel (PSC) por organização criminosa, acusado de desvios na área da saúde. É a segunda vez que Witzel se torna réu. Ele é alvo de quatro denúncias feitas pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
Desta vez, a esposa de Witzel, Helena, e o ex-secretário de Desenvolvimento Econômico, Lucas Tristão, o ex-secretário de Saúde Edmar Santos, e Pastor Everaldo, presidente do PSC, também se tornaram réus. A decisão é da juíza Caroline Figueiredo, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio.
No texto, ela concorda com os argumentos da PGR e diz que Witzel seria “o principal líder da organização criminosa” que loteou recursos públicos lavando dinheiro no escritório de advocacia da primeira dama, Helena Witzel.
Segundo a PGR, o escritório de advocacia da primeira-dama era usado para lavar dinheiro de um esquema de contração irregular de organizações sociais na área de saúde. A decisão menciona depoimentos de colaboração premiada feitos pelo ex-secretário de Saúde de Witzel, Edmar Santos, e pelo empresário Edson Torres.
“Verifico, ainda, estarem minimamente delineadas a autoria e a materialidade dos crimes que, em tese, teriam sido cometidos pelos acusados, o que se afere do teor da farta documentação que instrui a exordial (peça que dá início ao processo)”, afirma a magistrada na decisão desta quarta-feira (16).
De acordo com a PGR, foram montados três núcleos de corrupção no Rio de Janeiro. Um administrativo, formado por gestores estaduais; econômico, de empresários e lobistas; e o político, liderado, segundo a PGR, por Wilson Witzel.
“A organização criminosa, somente com esse esquema ilícito de contratação de organizações sociais na área de saúde, tinha por pretensão angariar quase R$ 400 milhões de valores ilícitos, ao final de quatro anos, na medida em que objetivava cobrar 5% de propina de todos os contratos”, explica a subprocuradora-geral da República, Lindôra Araújo, na denúncia apresentada contra Witzel em setembro de 2020 ao Superior Tribunal de Justiça.
Após Witzel sofrer impeachment, em abril deste ano, o processo foi encaminhado para primeira instância da Justiça Federal do Rio.
A CNN procurou Witzel e os outros citados e aguarda retorno.