“A ideia da divulgação do documento veio do partido”, diz responsável por relatório sobre TSE
O Partido Liberal (PL), que tem Jair Bolsonaro como candidato à Presidência, divulgou na tarde desta quarta-feira (28), às vésperas das eleições, o resumo de um relatório que apontou 24 itens que destacam fragilidades no sistema eleitoral brasileiro. A CNN conversou com um dos autores do relatório, o engenheiro eletrônico Carlos César Rocha.
“A ideia da divulgação do documento das eleições foi do partido político”, afirma Rocha. Ele alega que antes da divulgação, porém, solicitou que o PL agendasse uma reunião com o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro Alexandre de Moraes, para apresentar o material.
O encontro com o ministro teria acontecido na manhã de ontem. Entretanto, Rocha diz que não entrou na sala e que foi informado pelo presidente Valdemar da Costa Neto que o relatório não foi tema da conversa “Ele (disse) que o ministro queria só tratar de temas políticos e não queria tratar desse assunto”, explica.
O relatório parcial apresentado hoje foi elaborado em conjunto por uma equipe de quatro engenheiros eletrônicos ligados ao Instituto Voto Legal. O acordo para o desenvolvimento do trabalho foi celebrado em março deste ano, após o presidente do PL, Valdemar da Costa, ligar diretamente para Rocha, segundo ele, solicitando os serviços de auditoria.
O engenheiro explicou que o contrato assinado com o partido político estipulava o pagamento de R$1.3 milhão em um projeto de seis meses que incluiu a análise de centenas de documentos públicos, entre os quais, relatórios de avaliação do TSE, feitos por servidores da corte.
A articulação para a celebração entre o instituto e o PL teria sido intermediada por Marcos Pontes, ex-ministro Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações do governo Bolsonaro e que atualmente é candidato ao senado por São Paulo pela sigla.
“Em um determinado momento (março de 2022), nós recebemos uma ligação do presidente do PL. Depois eu descobri que ele ligou porque nós fomos recomendados pelo astronauta, pelo ministro Marcos Pontes”, explica Rocha.
A versão final do relatório foi entregue ao PL, segundo Rocha, no dia 9 deste mês. Houve uma apresentação presencial que aconteceu na sede do partido dois dias depois em que foram apresentados “ riscos relevantes em relação à segurança da informação”, segundo o relatório.
A CNN entrou em contato com ministro Alexandre de Moraes, com o presidente do PL Valdemar da Costa Neto e com o candidato ao Senado Marcos Pontes e aguarda um posicionamento.
Inventor da urna eletrônica
Em 1996, Carlos Rocha foi contratado pela empresa Unisys para fabricar as urnas para o TSE. Apesar de estar expresso no edital de concorrência as cessões de direito autorais do equipamento, documentos a que a CNN teve acesso mostram que Carlos Rocha solicitou a patente da sua invenção junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), uma autarquia federal vinculada ao Ministério da Economia.
Em setembro de 2001 o pedido foi negado pelo INPI e Rocha pediu recurso, mas após uma longa disputa o caso foi arquivado pela autarquia no ano passado.
