À CNN, Rodrigo Maia afirma que Bolsonaro quer enfraquecer e contestar o TSE
Segundo o parlamentar, o chefe do Executivo federal tumultua o ambiente com o objetivo de gerar uma instabilidade e, assim, fazer com que outro Poder o ataque
O ex-presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia (sem partido) avaliou em entrevista à CNN que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) busca enfraquecer e contestar o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ao fazer ataques diretos às urnas eletrônicas e ao ministro Luís Roberto Barroso.
“O deputado Ricardo Barros, que é um democrata, espero eu, tem que entender que o que o presidente quer na verdade é enfraquecer e contestar o Tribunal Superior Eleitoral”, avaliou.
Em nota enviada à CNN, Ricardo Barros respondeu à afirmação de Maia: “O presidente Bolsonaro quer se assegurar da lisura da apuração. Se o TSE acha a urna segura, qual o mal de um cadeado a mais?”.
Segundo o parlamentar, o chefe do Executivo federal tumultua o ambiente com o objetivo de gerar uma instabilidade e, assim, fazer com que outro Poder o ataque.
“No fundo, [Bolsonaro] quer gerar uma instabilidade para que alguém ataque ele com mais força, que seja no Judiciário ou no Congresso, para ele tentar dar o que ele vai chamar de contragolpe”, disse Maia.
Ainda de acordo com o deputado, o presidente da República age de forma “covarde” ao desferir ataques e xingamentos ao presidente do TSE, Luís Roberto Barroso.
“Ataca muito o ministro Barroso e tem pouca coragem de atacar o ministro Alexandre de Moraes. Prova uma covardia dele. `Porque ele sabe que o ministro que relata os inquéritos contra fake news e atos antidemocráticos, que é o ministro Alexandre de Moraes. Mostra que, no fundo, não é corajoso, é covarde”, ressaltou.
A CNN procurou a Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República para comentar as declarações de Maia, mas não obteve resposta até a publicação desta nota.
Exibição de blindados das Forças Armadas
O ex-presidente da Câmara ressaltou que a exibição de blindados das Forças Armadas — anunciado nesta segunda-feira (9) e previsto para terça-feira (10) — visa ameaçar o parlamento no dia da votação do voto impresso.
“Eu espero que as Forças Armadas (…) consigam recuar dessa decisão absurda de ameaçar o parlamento no dia da votação do voto impresso”, disse.
Segundo o deputado, o último a convocar um desfile das Forças Armadas foi o ex-presidente do Peru Albeto Fujimori.
“Eu lembro do Fujirmori. O presidente peruano fez um passeio de tanque e como terminou ele? Na cadeia. É bom que o presidente da República entenda que há limites na Constituição, e há limites daquilo que ele pode e deve fazer”, concluiu.
Distritão e volta das coligações
Maia afirmou ser contrário ao distritão e à volta das coligações partidárias. Segundo ele, as medidas colocam o Brasil em um sistema partidário de pouca representação.
Na avaliação dele, as executivas nacionais dos partidos passaram a ter muito poder com o fundo eleitoral e a aplicação do distritão ou a volta das coligações partidárias é um retrocesso para o país.