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    Sem cúpula condenar explicitamente guerra, Rússia considera G20 um “sucesso”; Ucrânia faz críticas

    Declaração final diz que “todos os Estados devem abster-se da ameaça ou do uso da força para procurar aquisição territorial”

    O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse que o encontro foi um sucesso
    O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse que o encontro foi um sucesso Maxim Shipenkov/Pool via Reuters

    Darya TarasovaManveena SuriKevin Liptakda CNN

    A Rússia considerou, neste domingo (10), a Cúpula do G20 em Nova Delhi, na Índia, um “sucesso incondicional”, um dia após a declaração final da reunião não ter condenado explicitamente a invasão da Ucrânia.

    Falando numa conferência de imprensa no final da cúpula, o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, disse que o encontro foi um sucesso, não apenas para a Índia, mas “para todos nós”.

    VÍDEO – Os interesses dos países envolvidos na reunião do G20

    A declaração final do G20 diz que “todos os Estados devem abster-se da ameaça ou do uso da força para procurar aquisição territorial”, sem destacar a Rússia.

    Num reflexo das profundas fraturas entre as nações do G20, o documento reconheceu que “havia diferentes pontos de vista e avaliações da situação”.

    Os diplomatas trabalharam arduamente para redigir uma declaração conjunta final antes do começo da conferência, mas encontraram obstáculos na linguagem para descrever a guerra na Ucrânia.

    A eventual declaração de compromisso representou um golpe de Estado para o anfitrião, o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, mas ainda refletiu uma posição muito mais branda que as que os Estados Unidos e os seus aliados ocidentais adotaram individualmente.

    “Nada para se orgulhar”

    Os ucranianos criticaram a declaração final do G20, com o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Oleg Nikolenko, escrevendo nas redes sociais: “A Ucrânia está grata aos seus parceiros que tentaram incluir palavras fortes no texto”.

    “Ao mesmo tempo, o G20 não tem nada de que se orgulhar no que diz respeito à agressão da Rússia contra a Ucrânia. Obviamente, a participação do lado ucraniano teria permitido aos participantes compreender melhor a situação. O princípio de “nada sobre a Ucrânia sem a Ucrânia” continua tão fundamental como sempre.”

    Entretanto, o Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, insistiu que, apesar da linguagem mais fraca do que no ano passado, a declaração conjunta sobre a invasão da Ucrânia pela Rússia “fala alto”.

    “Se você está no assento russo, fica bem claro qual é a posição do resto do mundo”, disse Blinken a Jake Tapper, da CNN.

    Também na sua declaração de domingo, falando sobre o conflito na Ucrânia, Lavrov citou que foi por causa dos parceiros do Brics no grupo (Brasil, Rússia, Índia e África do Sul), e de uma “posição consolidada do Sul Global em defesa da sua legítima interesses”, que era possível “impedir o sucesso da tentativa do Ocidente de ‘ucranizar’ novamente toda a agenda em detrimento da discussão dos problemas urgentes dos países em desenvolvimento”.

    Referindo-se à Declaração dos Líderes do G20, o ministro russo expressou que era “significativo que eles chamem de parágrafo ucraniano, incluindo ser objeto de consenso, mas não é sobre a Ucrânia… Sim, a crise ucraniana é mencionada, mas exclusivamente no contexto da necessidade de resolver todos os conflitos que existem no mundo”, continuou.

    “Isto é muito importante, porque o Ocidente, como sabem, assim que se trata da Ucrânia não pode entrar em discussões intelectuais, mas apenas exige o fim da agressão russa e a restauração da integridade territorial da Ucrânia”, afirmou Lavrov.

    No início deste mês, Lavrov comunicou que a Rússia bloquearia a declaração final do G20, a menos que esta refletisse a posição de Moscou sobre a Ucrânia e outras crises.

    “Não haverá nenhuma declaração geral em nome de todos os membros se a nossa posição não for refletida”, expôs Lavrov aos estudantes do Instituto Estatal de Relações Internacionais de Moscou, no dia 1 de setembro.

    A reunião teve algumas ausências importantes, com o líder chinês, Xi Jinping, e do presidente russo, Vladimir Putin. O encontro também viu a União Africana ser formalmente admitida no G20.

    Assembleia-Geral da ONU

    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse em entrevista à imprensa indiana no último sábado (9) que a Cúpula do G20 não é o lugar apropriado para discutir a guerra da Ucrânia, mas sim a Assembleia-Geral da ONU, que acontece no próximo dia 19.

    “Nós vamos ter a partir do dia 19 de setembro a Assembleia-Geral das Nações Unidas. Lá é o lugar para discutir a guerra. Lá é o lugar para discutir a paz. Lá é o lugar para colocar [Vladimir] Putin e [Volodymyr] Zelensky em uma mesa de negociação. Todo mundo é contra a guerra”, disse ao veículo Firstpost.

    “O G20 foi construído por conta da crise de 2008 e trouxe discussões sobre questões econômicas, sobre as instituições de Bretton Woods, o Banco Mundial o FMI. Por isso não achamos que aqui, na Índia, é o lugar ideal para discutir a guerra”, indicou.

    Lula voltou a afirmar que o Brasil “não vai se envolver na guerra”, mas que pretende estar presente nas negociações pela paz.

    Veja também: Rússia quer falar com Brasil para resolução da guerra

    Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

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