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    Em Paris, Amorim diz que guerra é resultado de falta de lar para os palestinos

    Celso Amorim diz que o Brasil aguarda ansioso liberação de brasileiros em Gaza e que o país prevê liberação de recursos para ONU

    Celso Amorim, assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para assuntos internacionais
    Celso Amorim, assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para assuntos internacionais 31/10/2023 - Reprodução/CNN

    Priscila Yazbekda CNN

    Celso Amorim, assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para assuntos internacionais, disse que a guerra entre Israel e Hamas é resultado da falta de um “lar seguro para os palestinos” e que o Brasil aguarda “ansioso” a liberação dos brasileiros que estão em Gaza.

    As declarações foram feitas em discurso durante a conferência humanitária para a população civil em Gaza, realizada em Paris nesta quinta-feira (9).

    Em um discurso breve, durante a sessão de trabalho da conferência, Amorim abriu sua fala citando os brasileiros que estão em Gaza e que aguardam repatriação ao Brasil. “Nas palavras do Presidente Lula, ‘inocentes não podem pagar pela insanidade da guerra’. Enquanto faço este discurso, continuamos aguardando ansiosos a saída dos brasileiros de Gaza”, disse.

    Amorim falou sobre a urgência em encontrar soluções para o envio mais consistente de ajuda ao enclave e defendeu um cessar-fogo.

    “Um cessar-fogo humanitário é essencial. Passagens seguras e desimpedidas para a entrada de ajuda humanitária em benefício de hospitais, escolas e creches devem ser respeitadas. A saída dos feridos deve ser garantida. É profundamente perturbador que quase cem membros da equipe da ONU tenham perdido a vida em Gaza”, afirmou o assessor especial.

    O ex-chanceler também afirmou que o Brasil forneceu à Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina(UNRWA) um total de US$ 20 milhões entre 2006 e 2016. E disse que o país está determinado a retomar o compromisso com a agência, anunciando que o Brasil deve fazer novas doações à UNRWA. “Uma contribuição financeira simbólica à UNRWA está sendo feita imediatamente. Uma contribuição mais substancial está sendo preparada e será anunciada em breve”, afirmou.

    Amorim finalizou dizendo que é preciso discutir uma solução para o conflito que se estende por décadas e que a razão da guerra é a falta de um lar para os palestinos. “Isso não é apenas uma guerra entre o Hamas e Israel. Isso faz parte de um conflito maior, de 75 anos, cuja raiz é a ausência de um lar seguro para o povo palestino.”

    Encontro com Macron e visita ao Brasil

    Amorim se encontrará às 12h desta quinta-feira (9) com Emmanuel Macron, presidente da França, durante a realização da conferência humanitária para a população civil em Gaza, em Paris.

    Fontes próximas ao governo afirmam que Amorim deve conversar com Macron sobre a situação em Gaza para discutir soluções sobre o conflito, ouvir e manifestar as posições brasileiras sobre a guerra.

    Outro tema discutido será a possível visita do presidente francês ao Brasil em janeiro. O convite para Macron visitar o Brasil tem sido reiterado desde o início do mandato do governo Lula, mas por enquanto sem sucesso. Nos bastidores, fontes afirmam que o presidente Lula chegou a ir a Paris para a cúpula de Macron sobre um pacto financeiro global, em junho, justamente para insistir que o presidente francês participasse da Cúpula da Amazônia, realizada em Belém em agosto.

    Pessoas próximas às discussões afirmam que a visita em janeiro deve acontecer. Macron não irá participar de algum evento específico, o objetivo será tratar de temas bilaterais, com foco na relação Brasil-França. Os dois países concordaram em realizar um novo ano do Brasil na França e da França no Brasil em 2025, iniciativa com o objetivo de aprofundar as relações bilaterais no âmbito cultural, acadêmico e econômico.

    Amorim também deve conversar com o presidente francês sobre a guerra na Ucrânia, manifestando a posição brasileira de tentar mediar uma solução pacífica para o conflito. O assessor especial defende que a estratégia de países europeus e dos Estados Unidos de fornecer armamentos aos ucranianos contribui para prolongar a guerra.

    Macron muda o tom e pede cessar-fogo

    A conferência promovida pelo governo francês em Paris reúne 80 representantes de organizações de ajuda humanitária, agências da ONU e ministros de países principalmente da Europa e do Oriente Médio.

    O principal tema discutido é como fazer a ajuda humanitária chegar a Gaza de forma mais consistente, diante do fechamento das fronteiras e das inspeções rigorosas de Israel na única passagem aberta ao território, em Rafah, na fronteira com o Egito.

    Os países conversam sobre a possibilidade de abrir corredores marítimos para que a ajuda chegue via mar. O Chipre, terceira maior ilha do Mediterrâneo, funcionaria como um entreposto para facilitar o envio dos suprimentos e mantimentos.

    O envio de mais recursos financeiros à Gaza também deve ser discutido. A cúpula não deve trazer uma declaração conjunta, os organizadores defendem que o evento tem uma função mais operacional. Mas ao fim da conferência, um novo valor de ajuda à Gaza, mais robusto, pode ser revelado.

    Na abertura do evento, Emmanuel Macron defendeu um cessar-fogo no conflito pela primeira vez. O presidente francês inicialmente vinha reforçando seu apoio inabalável a Israel e defendendo o direito de defesa das forças israelenses. Mas, com o aumento da pressão internacional, sobretudo de países árabes, diante da deterioração da situação dos palestinos, Macron vem moderando o tom.