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    Dia Mundial do Estudante é celebrado em 17 de novembro: como surgiu a data

    Conheça a história, os marcos históricos da educação no século XX e entenda pontos-chave da situação brasileira

    Vitor Soarescolaboração para a CNN

    Todo ano, em 17 de novembro, é celebrado o Dia Mundial do Estudante. A data, destinada a valorizar os esforços de diversas gerações no campo da educação, marca um momento de celebração, pelas conquistas das últimas décadas, e de reflexão, frente aos desafios que alunos de todo o mundo ainda enfrentam.

    A seguir, entenda como a data surgiu, quais são os marcos da luta estudantil ao longo dos últimos anos e entenda melhor a situação.

    Como surgiu o Dia Mundial do Estudante?

    Em 1939, no primeiro ano da Segundo Guerra Mundial, invasões ficaram comuns em toda a Europa. Desde o primeiro ataque à Polônia aos mais famosos, como a invasão à Normandia, na França, os movimentos de resistência civil se destacaram como forças políticas e sociais que, mais tarde, se tornariam marcos históricos na luta por direitos.

    Uma das invasões, à cidade de Praga, então capital da Tchecoslávaquia, ficou marcada pela morte de um jovem estudante de medicina, chamado Jan Opletal, executado durante uma manifestação que pedia o fim da ocupação nazista em seu país. O evento, mais tarde, criou bases para um levante estudantil, justamente no dia 17 de novembro de 1939, de alunos da Charles University (à época Universidade Carolina).

    “A Universidade ficou impossibilitada de manter suas atividades antes do fim da Segunda Guerra Mundial”, conta o arquivo histórico da Charles University. “A ocupação de terras tchecas pela Alemanha de Hitler trouxe tempos difíceis e muitas perdas. No 17 de novembro de 1939, todas as instituições de ensino superior do país foram fechadas em resposta às manifestações que levaram à morte de Opletal.”

    Dois anos depois, em apoio aos tchecos, estudantes de 26 países se reuniram em Londres, em um período de forte repressão nazista, para selar acordos de cooperação e enfrentamento. Ganhava corpo ali o Conselho Internacional de Estudantes, que ocorreu em 1941, e que mais tarde instituiria a Internation Union of Students (União Internacional de Estudantes), fundada em Praga, em 1946, após a guerra.

    Marcos da luta pela estudantil no mundo

    Ao longo do século 20, antes, durante e depois da Segunda Guerra Mundial, estudantes do mundo todo continuaram seus esforços pela universalização do acesso à educação.

    Negada por séculos, por exemplo, a educação formal para mulheres começou a ganhar forma legal apenas no período entreguerras. Ativistas como Mary Wollstonecraft, ainda no século 19, e organizações como a American Association of University Women foram responsáveis por popularizar a luta feminina pela educação em todo o mundo.

    Depois, em 1954, já na segunda metade do século 20, quando os horrores da guerra se dissipavam no horizonte de homens e mulheres brancos, a Suprema Corte dos EUA considerou que a segregação racial nas escolas era inconstitucional. O movimento, forçado pelo ativismo negro dos Estados Unidos, ajudou a derrubar barreiras raciais na educação e inspirou ações ao redor do planeta.

    Na China, com a Revolução Cultural, e na África do Sul, com os protestos de estudantes de Soweto a favor do uso da língua africâner no ensino, novos horizontes de esperança e acesso à educação surgiram no fim dos anos 1970. Nesses países, a valorização à história dos povos e o combate a visões colonizadoras da educação eram a ordem do dia.

    No início dos anos 1990, em Jomtien, na Tailância, países de todos os continentes se comprometeram com a iniciativa Educação para Todos (EFA), que visava garantir acesso à educação básica de qualidade para todas as crianças, jovens e adultos. Essa declaração foi um marco para as políticas educacionais globais, com metas revistas nas décadas seguintes pela UNESCO.

    Dez anos depois, em 2000, os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, da ONU (Organização das Nações Unidas) incluíram metas de educação, como a universalização do ensino primário. Em 2015, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) renovaram o compromisso global com a educação de qualidade para todos até 2030, abordando inclusão, igualdade de gênero e desenvolvimento sustentável.

    Já em 2012, Malala Yousafzai, uma jovem ativista paquistanesa, sobreviveu a um atentado dos talibãs por defender a educação para meninas. Ela se tornou um símbolo global da luta pelo direito das mulheres e meninas à educação, recebendo o Prêmio Nobel da Paz em 2014.

    Vencedora do Prêmio Nobel da Paz de 2014, Malala Yousafzai é um dos expoentes do ativismo pela educação no mundo • Russell Watkins/Department for International Development

    Ao longo dos últimos 24 anos, movimentos e leis que promovem a inclusão de estudantes com deficiência se espalharam por diversos países, promovendo práticas educacionais que garantam o acesso de pessoas com deficiências físicas, intelectuais e sensoriais à educação formal e inclusiva.

    A pandemia causou uma interrupção global sem precedentes nas atividades educacionais, levando à adoção de métodos de ensino remoto e acelerando o uso de tecnologia na educação. Esse momento destacou a necessidade de inclusão digital e trouxe novos desafios e oportunidades para o futuro da educação em todo o mundo.

    Brasil vive retrocesso

    No Brasil, desde a Lei do Ventre Livre, no século 19, quando a educação de filhos de escravizados nascidos livre entrou no debate público, os avanços acontecem sempre a partir da mobilização social.

    A UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), prim5   eira universidade brasileira, foi fundada em 1920. A UNE (União Nacional dos Estudantes), foi criada em 1937. A primeira lei que universalizava o acesso à educação foi criada em 1961 e o FUNDEF (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental) e o FUNDEB (Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica) foram criados somente em 1997 e 2007, respectivamente

    Estudantes da UNE viajam para Brasília para se unir ao Movimento DIretas Já, nos anos 80 • Divulgação/UNE

    Atualmente, segundo relatório da Campanha Nacional Pelo Direito à Educação sobre a a Agenda 2030 da ONU (Organização das Nações Unidas) destaca retrocessos em metas educacionais no Brasil, incluindo questões como:

    • subfinanciamento;
    • infraestrutura precária;
    • evasão escolar;
    • disparidades educacionais, especialmente entre alunos negros e indígenas.

    O documento aponta que as políticas educacionais atuais, como o Novo Ensino Médio e a militarização das escolas, podem aprofundar desigualdades já existentes. Embora o Plano Nacional de Educação (PNE) tenha estabelecido 20 metas para melhorar o sistema educacional, 13 delas estão em retrocesso, com 90% das metas previstas para 2024 ameaçadas de não serem alcançadas.

    Censo: 1 em cada 5 jovens de 18 a 24 anos não concluiu o ensino médio

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