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    Conheça os spotters, os paparazzi da aviação; e veja fotos de aeronaves

    Fotógrafos amadores e profissionais ou apenas observadores, os spotters registram o cotidiano da aviação e ajudam a contar as história das aeronaves

    Thiago Vinholes, colaboração para o CNN Brasil Business

     

    Pode ser de dia ou à noite, debaixo de sol ou de chuva, mas lá estão eles com suas câmeras num cantinho perto do aeroporto esperando a passagem de algum avião. São os spotters.

    Dificilmente uma aeronave passou despercida pelas lentes de um spotter. Faça uma pesquisa pelo prefixo de um avião, antigo ou atual de qualquer país, e você vai encontrar um farto acervo de imagens. A coleção dos spotters também inclui fotografias de helicópteros, jatos executivos, caças supersônicos, balões, planadores… enfim, tudo que voa ou já voou.

    Spotter, em inglês, significa observador. Na aviação, o termo ficou conhecido como plane spotter ou observador de aviões. A prática surgiu durante a Segunda Guerra Mundial, na Inglaterra, e tinha um importante propósito.

    “Durante a Segunda Guerra Mundial, os spotter acompanhavam a movimentação dos aviões com binóculos e registravam se eram modelos amigos ou inimigos. Cada avião que passava eles faziam um x numa lista, um ‘spot’. Era uma parte importante da defesa aérea, pois ainda não havia o radar”, explicou Gianfranco “Panda” Beting, um dos maiores spotters do Brasil e executivo de longa carreira na aviação, em entrevista ao CNN Business.

    Depois da guerra, a prática se tornou um hobby. “Com a depressão econômica no pós-guerra, a criançada não tinha muito o que fazer. Daí, uma diversão barata que eles descobriram foi, a princípio, ir para às margens de ferrovias e ficar observando os trens. Eles anotavam numa cadernetinha o que havia passado, qual tipo de locomotiva, vagões, empresas, horários, números de identificação. Mais adiante, o costume foi adotado na aviação”, contou Panda, que já publicou 18 livros sobre plane spotting. “Tenho 770 mil fotos de 50 mil aeronaves comerciais fotografadas em mais de 100 países. Sempre falta um avião na coleção. É como um álbum de figurinhas.”

    Fotografia digital impulsiou o hobby

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    O plane spotting (observar aviões) é praticado em quase todo o mundo e forma uma comunidade internacional de fotógrafos, cinegrafistas e entusiastas da aviação. Há sites com milhões de imagens de aeronaves, como o Planespotters e Airliners, fora um volume incontável de perfis nas redes sociais que impulsionam a divulgação dos spotters. Esses grupos também contribuem registrando a atividade das frotas aéreas, acompanhando a trajetória dos aviões, um por um, do primeiro ao último voo.

    “Os spotters ‘raíz’, com câmeras fotográficas profissionais, surgiram na década de 1960. A prática aumentou nos anos seguintes, mas foi somente com as câmeras digitais que o hobby se tornou realmente popular”, contou Beting, que fotografa aviões há mais de 40 anos e acompanhou a evolução dos equipamentos de imagens.

    “Com a câmera analógica você tinha no máximo 36 fotos por filme, fora o tempo e o custo para revelar as imagens. Com a digital, você tira quantas fotos quiser. Uma vez, num único dia tirei mais de 1.500 fotos, no Aeroporto de Fort Lauderdale, nos Estados Unidos”, disse Solange Galante, jornalista de aviação e spotter. “É emocionante quando você encontra um avião raro ou com uma pintura especial.”

    Especialista em acompanhar momentos inéditos em aeroportos, Luis Alberto Neves, comerciante e spotter inveterado há mais de 30 anos, é quase um “paparazzi” da aviação. Ele acompanhou o primeiro pouso de diversas aeronaves no Brasil, como o Airbus A350 e o gigante A380, voos de lançamento da Embraer e mais uma série de raros aviões que passaram pelo país e no exterior.

    “Quando eu era criança, gostava de ver os aviões no aeroporto de São José dos Rio de Preto (SP). Me chamava a atenção os aviões da TAM, os Fokker 27 e depois os Fokker 100. Um dia mandei uma carta para o comandante Rolim (fundador da TAM Linhas Aéreas). Disse que gostava muito de aviação e principalmente da TAM. E a empresa respondeu! Enviaram brindes e uma passagem aérea. Foi meu primeiro voo. A partir daí essa paixão só aumentou”, relembra Neves. “Passei de ‘observador’ de aviões para spotter em 1994, quando comprei uma câmera.”

    Dicas para iniciantes

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    Para entrar no “clube” dos spotters basta ter uma câmera e fotografar um avião. Pode ser da janela de sua casa ou do pátio de um aeroporto. Você pode guardar as fotos ou divulgar nas redes sociais (o Flickr é a rede favorita dos spotter). Outra opção é disponibilizar o acervo em sites especializados, onde é possível negociar os direitos de uso das imagens.

    O quanto a sua foto vai ser boa depende da qualidade da imagem ou do posicionamento, como explicou Gianfranco Beting. “O ideal é uma câmera com lente teleobjetiva, para aproximar a imagem do avião. A posição onde você deve se posicionar também é importante. Você precisa ficar entre o sol e o avião. Queima a nuca, mas a foto fica ótima. Ou você pode fazer algo mais artístico, com ou sem sol. Vai de cada spotter.”

    Na Europa e nos Estados Unidos, existem diversos aeroportos com aéreas de observação. Aqui no Brasil, uma grande oportunidade para os entusiastas são os “spotter day”, promovidos pela administração dos aeroportos e grupos de fotógrafos.

    Para Beting, o spotter também deve se sacrificar para ter uma boa foto. “Ele acorda cedo, viaja, anda muito, toma chuva. Tem que ter planejamento, levar comida e bebida, se informar se há banheiros, sem tem bichos, se o lugar é perigoso. E não se envolver em confusão.”

    Os locais preferidos do spotters são os aeroportos mais movimentados e os terminais internacionais, onde pousam jatos de grande porte vindos do exterior. Pontos onde ficam grandes fabricantes também atraem muitos fotógrafos e curiosos. A fábrica da Airbus em Toulouse, na França, sempre está na mira de um spotter esperando pelo primeiro voo de um avião recém-produzido. A mesma coisa acontece nas sedes da Boeing, nos Estados Unidos, e nos arredores das unidades da Embraer, em São José dos Campos (SP) e em Gavião Peixoto (SP).

    “O spotter deve fotografar absolutamente tudo. Não importa se é um avião comum de uma companhia que passa no aeroporto toda hora. Um dia ele vai parar de voar, a companhia aérea que ele voava pode fechar e você vai ter um registro dele”, concluiu Panda.