Waack: América Latina é uma imensa região com enormes contrastes
Um dos maiores contrastes latino-americanos está na grandiloquência de seus dirigentes ao descrever sonhos –comparado ao que, de fato, acaba sendo realizado
A América Latina é uma imensa região com enormes contrastes. Sociais, econômicos, políticos.
Um dos maiores contrastes latino-americanos está na grandiloquência de seus dirigentes ao descrever sonhos. Comparado ao que, de fato, acaba sendo realizado. É quase uma saga, talvez do consagrado gênero literário latino-americano, o do realismo fantástico. Em Buenos Aires, na Argentina, estamos assistindo a mais um capítulo dessa saga.
Os atores principais hoje foram os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e da Argentina, Alberto Fernández. Reiteraram o sonho de integração. Da formação de um bloco. Da coordenação entre governos que acham que só conseguem fazer isso se o vizinho for da mesma tendência ideológica.
O momento do realismo fantástico em Buenos Aires é a reunião da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac). A Celac foi criada para ser um clube no qual não entram Estados Unidos e Canadá, países ricos que são vistos como obstáculos aos sonhos dos pobres.
Falou-se hoje em Buenos Aires em ressuscitar a Unasul, uma tal união sul-americana que nunca funcionou. E em encontrar mecanismos para implementar comércio sem passar pelo dólar.
Populismo é um fenômeno mundial, embora não se possa criticar quem ache que seja invenção latino americana. É que na imensa região latino americana esse fenômeno tem a durabilidade comparável a de uma lei da história.
O que talvez ajude a entender como Buenos Aires se tornou a capital do único país do mundo que era rico e ficou pobre.