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    Vetos no orçamento impactam combate aos incêndios florestais, diz Observatório do Clima

    A previsão do Congresso era de contratar 950 brigadistas a mais em 2022 do que a média anual, se não houvesse o corte de verba

    Expedição do artista Thiago Mundano flagrou incêndio na Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso
    Expedição do artista Thiago Mundano flagrou incêndio na Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso Thiago Mundano/Divulgação

    Beatriz Puenteda CNN Rio de Janeiro

    Os vetos à lei orçamentária de 2022 impactarão diretamente o combate aos incêndios florestais, segundo o Observatório do Clima. Dos R$35 milhões que foram retirados do Ministério do Meio Ambiente para o ano de 2022, a área de contratação de brigadistas foi a que teve a maior redução.

    Foram R$ 17,2 milhões a menos do que o previsto pelo Congresso Nacional.

    Só na Amazônia, o desmatamento em 2021 foi o pior em dez anos, de acordo com o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). Mais de 13 mil quilômetros de mata nativa foram destruídos no ano passado.

    O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) costuma contratar anualmente 1.600 brigadistas. O Congresso Nacional previa um orçamento no qual mais 950 profissionais entrariam para o quadro de funcionários.

    O efetivo atuaria em mais áreas de foco de incêndio, especialmente nas épocas de baixa umidade do ar e falta de chuva, que torna os incêndios florestais mais comuns nas áreas de vegetação seca. Com o veto, esses brigadistas não serão contratados.

    A especialista sênior em políticas públicas do Observatório do Clima e ex-presidente do Ibama, Suely Araújo, afirmou à CNN que o valor do corte no orçamento feito pelo governo federal é muito pequeno para o executivo, mas que é de extrema importância social e ambiental.

    “Nos últimos anos, ficou claro que os incêndios florestais estão se agravando. As mudanças climáticas têm nos levado a desequilíbrios. Esses R$ 17 milhões não vão resolver o problema de falta do dinheiro do executivo. E a gente teve o Fundo Partidário sancionado, que custava muito mais. Parece pouco dinheiro no universo do orçamento, mas para o meio ambiente, é bastante coisa”, pontuou Suely.

    O Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo), do Ibama, é responsável pela política de prevenção e combate aos incêndios florestais em todo o território nacional.

    Os brigadistas atuam no manejo integrado do fogo, ou seja, monitoram áreas que podem surgir incêndios e fazem o trabalho de evitar a expansão territorial do fogo. Esses mesmos profissionais também atuam no combate direto às queimadas, como aconteceu no Pantanal, em 2020.

    Além da situação dos brigadistas, o Observatório do Clima chama atenção para o corte de R$ 8,5 milhões no programa de Gestão do Uso Sustentável da Biodiversidade e Recuperação Ambiental, que é responsável pela recuperação ambiental e controle da fauna e flora brasileira.

    A ex-presidente do Ibama destacou que o programa é de grande importância, especialmente com a verba do Fundo Amazônia bloqueada. O Fundo foi criado em 2008 e está paralisado desde abril de 2019.

    “Temos R$ 3,2 bilhões do Fundo Amazônia que estão parados e deveriam ser usados para projetos de preservação e fiscalização do bioma. O dinheiro já está lá, mas o Comitê Orientador (COFA) e o Comitê Técnico (CTFA), que eram a base do Fundo, foram desestruturados”, explicou a analista do Observatório do Clima.

    Questionado pela CNN sobre os impactos dos vetos para o combate de incêndios florestais, o Ministério do Meio Ambiente ainda não se pronunciou sobre o assunto. Também aguardamos retorno do Ibama.