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    Venezuelanos são abandonados próximos à rodoviária de Vitória, no Espírito Santo

    Caso aconteceu na madrugada desta terça-feira (16); grupo veio do sul da Bahia

    Indígenas venezuelanos da etnia Warao são atendidos na cidade de Teixeira de Freitas, na Bahia
    Indígenas venezuelanos da etnia Warao são atendidos na cidade de Teixeira de Freitas, na Bahia Divulgação/Prefeitura de Teixeira de Freitas

    Tiago Tortellada CNN

    em São Paulo

    Cerca de 20 venezuelanos da etnia indígena Warao foram deixados próximos à rodoviária de Vitória (ES) após saírem da cidade de Teixeira de Freitas, no sul da Bahia, informaram autoridades. O caso foi noticiado anteriormente pelo jornal “A Gazeta” e confirmado pela CNN.

    Segundo a prefeitura de Teixeira de Freitas, o grupo estaria peregrinando por diversos municípios. Antes de chegar à cidade baiana, os imigrantes teriam passado por Jequié, também na Bahia.

    Segundo a Companhia Estadual de Transportes Coletivos de Passageiros do Estado do Espírito Santo (Ceturb-ES), que administra a rodoviária da capital capixaba, um ônibus desembarcou os estrangeiros, incluindo crianças e idosos, em uma rua lateral por volta das 3h.

    Após abordagem da equipe de vigilância, o grupo permaneceu próximo a um ponto de táxi, se dispersando por volta das 5h15 para fora das dependências da rodoviária, ao lado do estacionamento.

    Ainda de acordo com a Ceturb, a abordagem social da prefeitura de Vitória chegou ao local por volta das 7h. Foi repassado à administração municipal que os venezuelanos teriam CPF e estariam no Brasil há mais de um ano.

    A companhia informa que o veículo que transportou o grupo foi sido identificado, e que está tomando as “medidas cabíveis”.

    A prefeitura de Vitória informou que foi surpreendida com o caso, mas que equipes da Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas) foram enviadas ao local no período da manhã, realizando os primeiros atendimentos ao grupo e prestando assistência emergencial.

    A Secretaria Municipal de Saúde também prestou atendimento, além de ter sido fornecido acompanhamento da Guarda Municipal para segurança das famílias, segundo a administração municipal.

    A prefeitura enviou ofício relatando a situação à Policia Federal (PF). O governo do estado e o Ministério Público também serão comunicados.

    “As famílias foram encaminhadas para uma unidade da Prefeitura de Vitória, que segue buscando alternativas legais para o caso, capazes de resguardar os direitos e garantias fundamentais dos cidadãos em tese”, finaliza a nota.

    A Secretaria de Estado de Trabalho, Assistência e Desenvolvimento Social (Setades) destacou que também foram notificados o Ministério da Cidadania, a Defensoria Pública da União e o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR).

    Questionada, a Polícia Federal observou que cabe à unidade da corporação no estado em que os imigrantes entraram no Brasil fazer o cadastramento da solicitação de refúgio. O documento é enviado para decisão ao Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), vinculado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública.

    Durante a espera do julgamento final, está autorizada residência provisória no Brasil, em conformidade com o decreto nº 9.199/2017.

    “Nesse cenário, cabe à Polícia Federal no Espírito Santo apenas atender os migrantes no caso de renovação anual da solicitação de refúgio ou no caso de emissão da Carteira de Registro Nacional Migratório – CRNM quando deferida a solicitação de refúgio pelo CONARE”, destacou a PF.

    O que diz a prefeitura de Teixeira de Freitas

    A administração municipal de Teixeira de Freitas, a cidade na Bahia de onde os venezuelanos partiram, afirmou, em nota, que o grupo chegou ao município no dia 12 de agosto.

    “Devido à ausência de comunidades indígenas em território teixeirense, não há o funcionamento de políticas públicas nem verba disponível que possam fornecer a assistência adequada a este grupo”, explica a nota.

    Marcelo Teixeira, secretário de Assistência Social do município, negou qualquer tipo de abandono por parte da prefeitura. “Acolhemos na escola Tarsila do Amaral, ofertamos alimentação, serviço médico e doações”, disse, acrescentando que “não faltou dignidade” aos estrangeiros.

    O secretário informou também que essa é a segunda vez em menos de um ano que o grupo passa pela cidade.

    A prefeitura teria tentado, sem sucesso, contato com a Funai, e, após alguns dias, atendido a um pedido dos indígenas e fornecido transporte até Vitória.

    A CNN entrou em contato com a Funai e com a prefeitura de Jequié e aguarda resposta.