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    Universitários do RJ levam mochilas que purificam água para ajudar aldeias Yanomami

    Eequipamentos são capazes de filtrar até 15 litros de água e será enviado para 30 aldeias

    Manoela Carluccida CNN* , São Paulo

    A urgência do povo Yanomami por água, alimento e remédios tem contado com o suporte de um projeto inovador para o tratamento de água: uma mochila que purifica o líquido contaminado.

    A startup Água Camelo foi criada por dois jovens universitários do Rio de Janeiro incomodados de viver no país que tem a maior quantidade de água potável do mundo e mesmo assim cerca de 30 milhões de pessoas não tem acesso à água potável, segundo dados Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento.

    Com o apoio da Funai e da Central Única das Favelas eles levaram para o território indígena Yanomami mochilas que são capazes de filtrar 15 litros de água por vez.

    A região não tem água potável, e por isso, muitas vezes doenças podem ser desenvolvidas a partir a poluição na água ingerida pelos indígenas.

    Segundo a Ministra dos Povos Indígenas, nos últimos 4 anos, 570 pessoas Yanomami morreram em razão de contaminação por mercúrio presente na água devido ao garimpo ilegal. O filtro instalado pela startup é capaz de tratar mil litros de água por hora e já funciona com sucesso alguns estados brasileiros.

    O equipamento foi pensado para suprir 4 etapas necessárias para se ter água própria para consumo em casa: captação, transporte, armazenagem e filtragem. A mochila é capaz de realizar todas essas etapas.

    Ela é composta pela própria “bolsa” capaz de armazenar 15 litros de água por vez, um filtro de água portátil e um suporte de parede. A manutenção dela é simples e pode ser feita pelo próprio usuário. Para realizar a filtragem basta colocar a água na mochila e acionar o filtro para que ela saia purificada.

    A água potável é de extrema importância no combate de doenças que atingem e por muitas vezes levam a morte dessa população. “Você não consegue combater a malária, por exemplo, sem o auxílio de água potável”, diz Daniel Ilg, um dos fundadores da startup.

    Apenas nos últimos 4 anos foram registradas 570 mortes de crianças em decorrência destas doenças no território. Por isso, a implementação dos filtros nessa área, neste momento, é essencial e urgente. Ele conta que por conta dessa urgência, agentes da Funai foram capacitados pela startup para que consigam levar e instalar esse equipamento nas aldeias.

    Daniel conta que até o momento 50 kits para o tratamento de água já foram distribuídos em 30 aldeias nas últimas semanas. Agora, eles pretendem voltar à Roraima para instalar 2 centrais de distribuição de água em 2 polos da Funai dentro do território Yanomami. Acontece, que essa quantidade ainda não é suficiente para a demanda local, por isso a Funai pede mais ajuda.

    A viagem até as aldeias levou 6 horas partindo de Boa Vista e depois mais 30 minutos de barco subindo o rio. Algumas das aldeias só tem acesso possível por meio de avião. Daniel conta que apesar do “perrengue” ele se sente na obrigação de ajudar essas pessoas.

    “Comecei nesse trabalho por esse sentimento de necessidade de ajudar, porque acredito que essa ajuda seja uma obrigação da população como um todo de estarmos todos envolvidos nessa transformação”, afirmou o desenvolvedor do equipamento.

    Eles passaram 5 dias em Boa Vista e realizaram a distribuição de kits, cestas básicas e remédios aos Yanomamis com apoio da Funai. À CNN, Daniel descreve a visita à aldeia como “impressionante”. “É bem difícil a questão lá… Eles estavam bem ansiosos para receber as cestas básicas.”

    Além de atuar nas terras Yanomamis, o projeto já levou com êxito mais de mil mochilas em 10 estados brasileiros. O objetivo é sempre o de ajudar populações que sofrem com doenças derivadas da poluição de água. Sobre o que viu nas terras Yanomamis, Daniel conta que “é a situação mais crítica que já viu”, por isso se sente muito orgulhoso em poder ajudar.

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