Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Suspeita de fingir ter leucemia em Goiás recebeu R$ 12 mil em doações, diz polícia

    Jovem de Goiás é suspeita de fingir ter leucemia para aplicar golpes em colegas

    Lucas Rochada CNN

    em São Paulo

    A camareira Débora Barros dos Santos, 26, suspeita de ter aplicado um golpe em Pirenópolis, em Goiás, recebeu cerca de R$ 12 mil em doações. As informações foram confirmadas à CNN pelo delegado Tibério Cardoso, da Polícia Civil, que afirmou que o valor pode ser maior.

    A jovem é acusada por colegas de trabalho de aplicar um golpe ao afirmar ter leucemia e precisar de dinheiro para custear o tratamento da doença.

    O caso, noticiado pela CNN em dezembro, segue em investigação pela Polícia Civil, que afirma que mais de 100 pessoas foram vítimas.

    “As vítimas estão sendo ouvidas diariamente, cerca de 15 pessoas já foram ouvidas. As diligências prosseguem até a conclusão dos autos”, diz a polícia.

    Em nota, a Polícia Civil afirma que foi aberto inquérito e Débora é considerada suspeita. Segundo a polícia, ela ainda será ouvida. Neste momento, estão sendo feitas investigações nos hospitais para verificar se ela fez tratamento, uma vez que ela não apresentou documentos sobre o diagnóstico da doença.

    A CNN entrou em contato com Débora e não teve retorno.

    Relembre o caso

    Em dezembro, um grupo de funcionários de uma pousada em Pirenópolis realizou uma denúncia junto à polícia devido às suspeitas de um golpe. O caso foi relatado à CNN pelo recepcionista Mateus Milagre, 25.

    “Nós ficamos muito sensibilizados e com muito medo de perder nossa colega, então fizemos vaquinhas, rifas e doações pra ela. Juntamos bastante dinheiro. Ela sempre mandava mensagem pra alguém falando que tinha que fazer um exame no dia seguinte e a gente ‘se virava’ para juntar dinheiro para ela”, conta.

    “Durante o horário de trabalho, muitas vezes no nosso horário de almoço ela ia para o banheiro e ‘sangrava’ pelo ouvido, pelo nariz e abria a porta pedindo ajuda. Todo mundo ficava desesperado e tentando ajudar”, completa.

    O recepcionista afirma que Débora não permitia que ninguém a acompanhasse ao hospital ou às consultas médicas.

    “Ela não deixava ninguém levá-la ao hospital, nem mesmo o namorado. Ela sempre queria ir sozinha, tanto nas consultas como nos laboratórios. Nós fizemos uma confraternização de fim de ano, fizemos camisetas e colocamos em especial uma frase e o nome dela. Algumas amigas próximas fizeram até tatuagens com o nome dela”, afirma.

    Segundo Mateus, as amigas de Débora começaram a desconfiar da situação e pediram exames e atestados à camareira, que não chegou a apresentar os laudos.

    “O namorado dela a levou ao hospital que ela dizia fazer o tratamento, que fica em outra cidade. Ele foi em busca de provas de que ela fazia tratamento lá. Pois ele não encontrou registro de nada. Não tem doença, ela nos enganou. Fizemos de tudo pra ajudar”, conta.

    Amigas de Débora fizeram tatuagens em homenagem / Acervo pessoal

    À CNN, o delegado Tibério Cardoso confirmou que a Polícia Civil de Pirenópolis foi procurada pelo grupo de trabalhadores da pousada.

    “Eles relataram que uma colega de trabalho alegou que estava com uma doença grave e, posteriormente, ela informou que se tratava de uma leucemia, e que o tratamento era muito caro. O pessoal todo ficou compadecido. Havia cinco anos que ela trabalhava nesse local e todo mundo se dispôs a colaborar financeiramente com ela”, diz Cardoso.

    “No curso desse ‘tratamento’, ela informava que era acompanhada por uma amiga. Essa amiga sempre entrava em contato com os colegas de trabalho informando sobre o ‘tratamento’ ao qual ela estava sendo submetida e valores relativos. Em razão disso, o pessoal fazia essas colaborações financeiras para ajudar a custear”, prossegue.

    O delegado afirma que a arrecadação era feita a partir de valores determinados. “Ela fazia essa arrecadação para custear esse tratamento conforme o valor alegado. Às vezes R$ 3.800, às vezes R$ 4.500, sempre um valor determinado”, diz.

    “Ela costumava retornar desses ‘tratamentos’ com esparadrapos pelo corpo, curativos em locais que aparentemente ela havia recebido medicação intravenosa e, com isso, ela foi conquistando alguns privilégios, como faltar [ao trabalho]. O pessoal não exigia de imediato o atestado médico dela”, explica.

    De acordo com o delegado, a camareira afirmava realizar o tratamento no Hospital Araújo Jorge, em Goiânia, referência no tratamento do câncer em Goiás. A CNN entrou em contato com o hospital e não teve retorno.

    “O pessoal desconfiou e entrou em contato com o hospital. Eles tentaram obter o diagnóstico e o tratamento ao qual ela estava sendo submetida e perguntaram por que o hospital estava se recusando a fornecer atestado médico. A direção do hospital informou que essa pessoa que eles estavam solicitando o atestado médico não havia sido submetida a nenhum tipo de tratamento naquele hospital”, diz Cardoso.

    O retorno do hospital despertou ainda mais as suspeitas de que se tratava de um golpe. Segundo o delegado, os colegas questionaram Débora sobre o posicionamento do hospital. “Após esse dia, ela não voltou mais ao local de trabalho. Essas pessoas se reuniram e decidiram procurar a polícia para apurar esses fatos”, diz.

    Entre os colegas de trabalho, o sentimento é de indignação.

    “Algumas pessoas doaram dinheiro mesmo sem ter condições, e tudo não passou de uma mentira. Ficamos sabendo que ela fugiu da cidade. Denunciamos na Polícia Civil e buscamos por justiça. Foram mais de 200 pessoas enganadas por ela. Ficamos abalados com essa história, sofremos psicologicamente e financeiramente”, afirma Mateus.