Solução para machismo e misoginia passa por trabalho contínuo, diz especialista
À CNN Rádio, Ana Minuto afirmou que a discussão sobre esses temas precisa acontecer todos os dias
Em entrevista à CNN Rádio, no CNN no Plural, a especialista em Diversidade e Inclusão, Ana Minuto, defendeu que a solução contra o machismo e a misoginia é responsabilidade de todos.
“Sem o estado, sociedade e empresas privadas, nada acontece. Este é um assunto que tem de estar no churrasco de domingo, porque é ali que as agressões machistas e de misoginia ocorrem”, disse.
A especialista afirma que em ambientes como esse é que, por exemplo, piadas acontece sobre mulheres. “É preciso discutir e trazer para a consciência. Não há como resolver um problema que você desconhece, e a maioria dos homens não percebe que é machista.”
“Este é um trabalho que deve ser contínuo, proposital, e precisamos que aquilo se torne uma cultura, para que a mudança aconteça.”
Para Ana Minuto, “um dos maiores desafios do Brasil está relacionado ao assédio moral, que é validado, porque ‘é permitido’ gritar com uma pessoa, desfazê-la e diminuí-la. Tem de haver processo de busca de entendimento das relações sociais.”
No ambiente corporativo, ela exemplifica, pessoas em posição de poder muitas vezes “se sentem no direito de maltratar uma pessoa, independentemente do gênero, mas em relação à mulher é pior, com microagressões diárias.”
Isso é explícito quando se olha os números: o Brasil é o quinto país que mais mata mulheres no mundo e a cada dez minutos uma mulher é estuprada.
A especialista destaca que a diferenciação entre homens e mulheres começa já na infância: “Desde criança, meninas brincam de boneca e meninos de carrinhos, meninos são ligados à tecnologia e meninas toca piano.”
“É um trabalho muito grande de autoconsciência, o que funcionava ontem hoje não funciona mais”.