Site do Superior Tribunal Militar sofreu ataque hacker no dia da posse de presidente
Chefe da Corte revelou a ameaça, ocorrida em 16 de março, durante evento sobre segurança cibernética no STF, nesta sexta (31)
O portal do Superior Tribunal Militar (STM) foi alvo de um ataque cibernético no dia da posse de seu atual presidente, o tenente-brigadeiro do ar Francisco Joseli Parente Camelo, em 16 de março.
Na data, houve uma tentativa de derrubar o portal do ar por meio de ação de robôs que tentaram sobrecarregar o sistema com número alto de acessos.
A informação foi revelada por Camelo nesta sexta-feira (31), durante o simpósio de Segurança Cibernética dos Tribunais Superiores, realizado no Supremo Tribunal Federal (STF).
Esse tipo de ataque é chamado de “negação de serviço”. Trata-se de investida que geram grande número de requisições de um serviço virtual, o que sobrecarrega o sistema e pode deixá-lo inoperante ou fora do ar.
Segundo o presidente da Corte militar, no dia do ataque o site registrou mais de 1,8 milhão de requisições de acesso, numa tentativa de deixar o serviço indisponível e derrubar o portal.
“[Foram] Requisições feitas através de robôs, e nossa equipe e sistemas de segurança, ferramentas, conseguiram desviar a tentativa”, disse Camelo. “Foi uma coisa que me chocou muito, mas é a realidade nossa, com relação à cibernética.”
Segundo Camelo, houve amento na quantidade de tentativas de ataques aos sistemas da Corte. ”São número que nos assustam”, declarou.
O simpósio realizado no STF também conta com a presença da presidente da Corte, ministra Rosa Weber, da presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Maria Thereza de Assis Moura, e de especialistas na área.
O objetivo do evento é capacitar e conscientizar servidores do Judiciário sobre a importância da segurança cibernética nos tribunais.
Em sua fala inicial, Weber fez um paralelo entre ataques cibernéticos a tribunais e os atos de 8 de janeiro, em que as sedes dos Três Poderes foram invadidas e vandalizadas.
“A invasão de sistemas que objetiva exclusivamente promover a desmoralização do aparato judiciário não difere em termos ontológicos da invasão física seguida pela destruição de patrimônio de que este Supremo Tribunal Federal foi vítima no fatídico dia 8 de janeiro”, afirmou, durante a abertura do evento.
Segundo a magistrada, os ataques cibernéticos podem não só envolver investidas a documentos específicos ou mirando a integridade dos sistemas, mas a “própria dignidade da Justiça”.
A presidente do STF destacou entre as ameaças virtuais o mesmo tipo de ataque de que foi alvo o STM, há duas semanas: a indisponibilização de serviço.
“Os dados sensíveis, nesse caso, são criptografados impossibilitando o regular funcionamento dos sistemas, muitas vezes sob exigência de resgate financeiro”, afirmou.
“Como consequência crítica, essa situação gera no âmbito do Judiciário a necessidade de suspensão de prazos e de atendimento judiciário até a restauração do serviço, afetando simultaneamente toda a coletividade que utiliza o serviço judicial”, concluiu Weber.