Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Sem água, sem comida e com doença crônica, turista relata o pânico de estar ilhado no RS

    Homem saiu correndo do aeroporto; malas ficaram para trás e ele ficou três dias sem tomar remédios controlados

    Duda Cambraiada CNN

    [cnn_galeria template_part='highlight' active='7684134' id_galeria='7684075' html_id_prefix='featured_' ]

    Victor M. é tradutor e tem cidadania dupla: americana e brasileira. Ele prefere não ter o sobrenome exposto porque os sentimentos que prevalecem são o medo e o pânico. Victor vive entre a França e o Brasil, mais especificamente na cidade do Rio de Janeiro. O brasileiro tem uma doença crônica que dificulta os movimentos do lado esquerdo do corpo. Tem que tomar remédios controlados todos os dias.

    Na sexta-feira (3), dia que o aeroporto Salgado Filho, de Porto Alegre, suspendeu pousos e decolagens, Victor pousava em Porto Alegre, vindo da França. O brasileiro passou pela capital gaúcha para uma conexão aérea, que nunca aconteceu. “As malas ficaram no aeroporto. Tivemos que sair correndo e tivemos que deixar tudo para trás. Meus remédios ficaram lá”, relata.

    O terminal aéreo ficará com as operações de pousos e decolagens suspensas até o dia 30, segundo a concessionária responsável.

    O passaporte de Victor e todos os seus pertences pessoais também ficaram no aeroporto. As malas nem chegaram a passar na esteira. O brasileiro ficou três dias sem tomar seus remédios controlados. Ele tinha acabado de ficar 37 dias internado e veio ao Brasil para receber suporte de uma amiga.

    “Consegui entrar em contato com a médica e ela passou uma receita digital. Ontem no final da noite tinha apenas duas farmácias que tinha o medicamento. A atendente não sabia como usar a receita digital. Consegui comprar o remédio com muita luta”, conta.

    Victor está hospedado em um hotel a 400 metros do rio Guaíba. O prédio fica em um morro, o que dificulta a chegada da água, mas ele compartilhou com a CNN uma foto da rua do hotel.

    A água potável do hotel já acabou e funcionários comentaram com o brasileiro que a comida também está no final. Por isso, não está aceitando mais hóspedes. Pela dificuldade de locomoção devido à doença crônica, Victor não consegue andar muito à procura de alimentos.

    “Estou com extrema dor, estou em estado de pânico. Tentei ir para rua comprar comida, mas eu não consigo andar mais de dois quarteirões. O único lugar tinha aberto, já tinha acabado tudo.”, relatou.

    Prejuízos materiais

    Victor conta que não teve apoio nenhum da companhia aérea. “Eles falaram que quem não conseguisse hotel, iria ter que ficar no aeroporto. Estimo que 95% das pessoas ficaram no aeroporto, porque a hotelaria tá lotada. Deixaram claro que não teria voucher para hospedagem e nem nada”, disse.

    “Isso tá atrapalhando meu trabalho, minha renda. Eu sou tradutor. Já gastei quase R$ 10 mil”, relata.

    Segundo Victor, a companhia aérea remarcou o voo sem avisar. O destino, que era o Rio de Janeiro, virou São Paulo. Depois, voltaram e cancelaram. “Depois de mais de duas horas no telefone e mais de dez ligações, eu tive que comprar outra passagem, com meu dinheiro, para semana que vem”.

    “Já viajei mais de 30 países, já cancelaram meus voos devido a furacão nível 5 e a gente recebeu apoio de hotel, de tudo. Aqui, literalmente, falaram que é cada um por si”, desabafou.

    Tópicos