Segundo fontes ouvidas pela CNN, coronel Cid disse à PF que buscar presentes de Bolsonaro era “normal”
Oitiva foi na tarde desta quarta-feira, em São Paulo, no inquérito que investiga a entrada ilegal de joias no Brasil
O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), o tenente-coronel Mauro Cid, declarou à Polícia Federal nesta quarta-feira (5) que buscar presentes recebidos pelo então presidente era algo “normal”, “corriqueiro”, na Ajudância de Ordens da Presidência.
Segundo fontes a par da investigação ouvidas pela CNN, o militar afirmou, ainda, que Bolsonaro teria pedido a ele para “verificar” a situação das joias avaliadas em R$ 16,5 milhões apreendidas na alfândega e incorporar ao acervo da Presidência.
De acordo com essas fontes, o tenente-coronel, homem de confiança do então presidente, não dava um passo ou tomava um copo d’água sem a anuência de Bolsonaro. Logo, o ex-presidente teria conhecimento que a situação estava sendo verificada por seus subordinados.
O depoimento do coronel Cid durou três horas e é considerado fundamental para o inquérito da PF que investiga a entrada ilegal no Brasil de joias presenteadas pelo governo da Arábia Saudita. Isso porque o militar era o braço direito de Bolsonaro e cumpria ordens. A PF quer saber, nesse inquérito sigiloso, se o então presidente agiu para reaver o pacote retido pela Receita Federal no aeroporto de Guarulhos (SP).
O militar foi o responsável pelo envio de um ofício à Receita Federal, em 28 de dezembro, determinando a “incorporação de bens apreendidos”. Foi esse o documento apresentado pelo ajudante de ordens da Presidência Jairo Moreira da Silva para um auditor fiscal na alfândega, sem sucesso.
A Receita reteve as joias em 26 de outubro de 2021, quando uma comitiva do governo desembarcou em Guarulhos. Os itens preciosos estavam na bagagem de um assessor do então ministro de Minas e Energia, que foi escalado pela Presidência para representar o governo em viagem ao país saudita.