Saiba como são escolhidos os nomes das operações da Polícia Federal
Delegados têm autonomia para nomear as ações, que ganham nomes criativos
Akuanduba, Xepa, Zaqueu, Pulso, Zelotes, Carne Fraca… nos últimos anos, a criatividade nos nomes das operações da Polícia Federal chamou a atenção e acabou virando uma marca. Os agentes aproveitam a variedade nas formações acadêmicas dentro da corporação para chegar nas escolhas inusitadas.
“Os nomes costumam ser escolhidos pela própria equipe de investigação. Nós temos uma gama de servidores formados em diversas áreas, biológicas, humanas, exatas, e isso permite que eles tenham um conhecimento maior para nomes diferentes das operações”, explica à CNN Mozart Person Fuchs, delegado regional de Repressão e Combate ao Crime Organizado no Paraná.
Sem critérios específicos, a inspiração para os nomes vem de todos os lugares: filmes, comidas, expressões populares, científicas e religiosas. Nem personagens da mitologia grega escapam. O historiador Victor Missiato vê um certo ativismo na criatividade da Polícia Federal.
“O nome dessas operações, ora mais informais, ora mais conceituais, trazem consigo uma noção de protagonismo. Analisando os nomes, aqui tem uma visão muito ligada a um espectro redentor da Polícia Federal. Nós estamos operando para redimir os problemas da sociedade ou até mesmo para nos colocar acima do bem e do mal, isso é muito claro em alguns nomes de operações”, avalia.
Cada delegado tem autonomia para definir o nome da operação, e a criatividade fica a critério de cada um deles. A única ressalva é evitar termos pejorativos ou que façam alusão a um ou mais investigados.
“Uma das mais conhecidas, a Operação Zelotes remonta ao tempo de rebeldia dos judeus contra os romanos por conta da questão também fiscal. Mas denota um sentido de rebeldia da própria polícia contra o sistema corrupto”, explica Missiato.
A Lava Jato, possivelmente a mais conhecida, faz referência a um posto de combustíveis que era utilizado por uma das organizações criminosas para movimentar dinheiro ilícito. Assim como em muitas outras operações, a escolha costuma sempre fazer alguma sofisticada e sutil referência ao caso.
