RJ puxa alta e Brasil bate recorde de mortes causadas por policiais, diz estudo
Em 2019, as polícias de Rio de Janeiro e São Paulo responderam por 42% das mortes cometidas em todo o Brasil
Pelo sexto ano consecutivo as mortes cometidas pelas polícias brasileiras bateram recorde, revela a 14ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Em 2019 foram 6.375 mortes, o que equivale a 13,3% de todas as mortes violentas intencionais ocorridas no Brasil.
Em 2019 foram registradas 47.773 mortes violentas intencionais no Brasil, Desde que o dado passou a ser colhido, em 2013, que o país apresenta curva ascendente de violência policial. Em 2019, as polícias de Rio de Janeiro e São Paulo responderam por 42% das mortes cometidas em todo o Brasil.
Para Samira Bueno, diretora do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, responsável pela publicação, o caso do Rio de Janeiro é ainda mais específico. “Ao contrário de todos os outros estados, as mortes cometidas pela polícia do Rio ocorrem na maioria das vezes pela manhã, em grandes operações. É o horário em que os moradores estão saindo para trabalhar, ir para escola, e isso os deixa vulnerável diante de operações policiais e trocas de tiro.”
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Em média, aponta o Anuário, as mortes cometidas pelas polícias do Rio (cerca de 1/3 do total ocorrido no Brasil) ocorrem principalmente entre 6h e 11h59 — a média é de 34,3% de todos os casos no estado; enquanto a média em outros estados para o horário é de 19,8%.
O crescimento do número de mortes em decorrência de intervenções policiais se deve, em parte, a melhoria na qualidade dos dados. Mas, destaca, por outro lado, que alguns estados estão puxando os números para cima, sobretudo Rio de Janeiro e São Paulo, com respectivamente 1.810 e 867 mortes por intervenções de policiais civis e militares em 2019.
Há estados, destaca o Anuário, em que a letalidade policial é baixíssima em mais um exemplo das especificidades que incidem sobre o tema, como Distrito Federal (0,3 mortes/100 mil habitantes), Minas Gerais (0,5), Paraíba (0,6), Pernambuco e Espírito Santo (0,8), todas abaixo da média nacional, que é de 3 mortes para cada 100 mil habitantes. Amapá, com 14,3 mortes a cada 100 mil habitantes, lidera o ranking no Brasil, seguido por Rio de Janeiro (10,5), Goiás (7,6) e Sergipe (7,2).
