RJ: 14 mulheres foram vítimas de violência por hora em 2022
Levantamento aponta que companheiros e ex-companheiros são principais autores
Por hora, 14 mulheres foram vítimas de violência no Rio de Janeiro em 2022.
A informação é do Dossiê Mulher 2023, feito pelo Instituto de Segurança Pública (ISP) e divulgado na terça-feira (31).
De acordo com o levantamento, mais de 125 mil mulheres foram vítimas de violência doméstica e familiar no estado fluminense. Nesse tipo de violência, os autores dos crimes eram companheiros ou ex-companheiros dessas mulheres, de acordo com a pesquisa.
Eles também são os principais autores (80,2%) dos casos de feminicídio. Em 2022, 111 mulheres foram vítimas de feminicídio — ou seja, homicídio que ocorreu por ela ser mulher — no Rio de Janeiro. Dessas, 70 mulheres — ou seja, 63% dos casos — já tinham sido vítimas de algum tipo de violência.
“É importante destacar também que em 75% das vezes, a motivação dada pelos autores na delegacia foi um sentimento de posse, como ciúmes, briga, término de relacionamento e desconfiança de traição”, consta na divulgação do Dossiê Mulher 2023.
Em 75,1% dos casos de feminicídio, os autores foram presos pela Polícia Civil. Os assassinos foram presos em flagrante, após investigação ou entrega voluntária.
Ainda segundo o estudo, a Lei Maria da Penha foi aplicada em 63,5% dos casos de violência doméstica.
Violência psicológica foi a com mais ocorrências
De acordo com o ISP, 43.594 mulheres foram vítimas de violência psicológica no estado. Em 67,6% dos casos, o responsável pelo abuso foi um conhecido.
Esse tipo de violência, segundo a divulgação dessa edição do dossiê, “costuma ser a porta de entrada para outras formas de violência”. Foi enquadrado como violência psicológica casos de ameaça, constrangimento ilegal, stalking, perseguição, crime de violência psicológica contra mulher, divulgação de cena de estupro ou de cena de estupro, além da divulgação de vídeos de intimidade sexual sem autorização da mulher.
Maioria dos estupros contra vulneráveis aconteceu dentro de casa
Segundo os dados do Dossiê Mulher 2023, o local com maior incidência de estupro de vulnerável é dentro de casa. Dos casos registros, 76,8% ocorreram dentro do ambiente doméstico das vítimas.
Ainda de acordo com o levantamento, mais da metade das vítimas dessa violência tinha até 11 anos (55,6%). Além do crime ocorrer dentro de casa, o agressor também era conhecido: nos casos, 46,6% dos responsáveis pelas violações eram da convivência da vítima.
Medidas protetivas não foram cumpridas
De acordo com o levantamento, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) concedeu mais de 37 mil medidas protetivas de urgência para mulheres. Em todos os casos, o TJ-RJ determinou o afastamento do agressor da casa.
Das 37.741 medidas, 3.587 – ou seja, 9,5% – foram descumpridas. “O alto número de notificações pode indicar que as mulheres não estão tolerando mais as relações violentas e, cada vez mais, temos percebido a busca das mulheres pelos mecanismos oferecidos pelo governo do Estado para proteger sua integridade física e psicológica”, analisa a divulgação do levantamento.