Rio defende discussão sobre intercâmbio de vacinas contra variante Delta
Capital fluminense tem transmissão comunitária da cepa indiana e soma 23 casos
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Com 23 casos confirmados da variante Delta, a cidade do Rio de Janeiro quer pautar o debate sobre a mistura de vacinas para conter o avanço de novas cepas do coronavírus. O secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, declarou que o intercâmbio de imunizantes pode ser uma estratégia.
“É isso que está sendo discutido na maioria dos países. É uma discussão que precisa acontecer. A gente tem um Programa Nacional de Imunizações que sempre foi referência mundial, sempre saiu à frente”, afirmou.
A possibilidade do uso combinado de vacinas também é apontada por Margareth Dalcolmo, pneumologista e pesquisadora da Fiocruz.
“Eu acho que um fato inexorável é que teremos intercambialidade, que poderá ser feita com plataformas diferentes, por exemplo, com uma vacina de RNA mensageiro [como é o caso da Pfizer] com uma vacina de vírus desativado [como Coronavac] ou vetor viral [como a Astrazeneca]”, apontou.
O Rio de Janeiro foi pioneiro na mistura de imunizantes, mas o uso está restrito às grávidas ou pessoas que tiveram forte reação adversa à primeira dose da Astrazeneca. Nesses casos, as pessoas recebem a segunda dose da Pfizer.
Já o presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, Juarez Cunha, avalia que a necessidade de vacinação das grávidas é uma situação diferente e que a utilização da estratégia para o público em geral ainda parece precoce. Segundo o médico, há muito para ser descoberto sobre o combate ao coronavírus.
Enquanto a ciência tenta encontrar respostas, Cunha defende que a prioridade atual é incentivar os brasileiros a completarem o esquema preventivo contra a Covid-19.
“O que sabemos é que a combinação de vacinas pode ter uma melhor resposta protetora, mas não necessariamente para a variante Delta. Agora, o que é fundamental contra essa cepa e que vários estudos já indicam é a realização da segunda dose das vacinas que são de duas aplicações”, declarou à CNN.
Em quatro dias, a prefeitura do Rio de Janeiro confirmou 23 casos da Delta e a transmissão comunitária da variante. O município foi seguido pela Secretaria Estadual de Saúde, que também admitiu a circulação da cepa indiana, com 74 casos em 12 municípios.
Para a pneumologista Margareth Dalcolmo, pesquisadora da Fiocruz, o avanço da variante é inevitável. “A Delta vai se disseminar no Brasil, não tem muito como evitar. Ela é muito transmissível e a nossa expectativa é de um aumento de casos. Única vantagem, digamos assim, parece que que ela é menos letal que a variante Gamma [identificada inicialmente no Amazonas]”, apontou.
Segundo Dalcolmo, além de avançar na vacinação contra o coronavírus, é preciso reforçar a vigilância genômica para identificar quais são as variantes que circulam pelo país.
A descoberta dos 23 casos no Rio de Janeiro só foi possível pela rede de sequenciamento do vírus no estado, com a participação de vários órgãos, como Fiocruz e Universidade Federal do Rio de Janeiro.
A Secretaria Municipal de Saúde divulgou que investiga cada um dos casos para identificar as pessoas que tiveram contato com os infectados e acompanhar a disseminação da variante pela cidade