Ricardo Nunes diz à CNN que concorda “em 100%” com Tarcísio sobre internação compulsória na Cracolândia
Prefeito de São Paulo disse que trabalha junto ao governador para resolver a questão; à CNN, Tarcísio de Freitas defendeu que "medida extrema" pode ser usada em último caso
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), disse à CNN, nesta sexta-feira (21), que concorda “em 100%” com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) na possibilidade de internação compulsória como medida para tentar resolver o problema da Cracolândia.
Mais cedo, à CNN, o governador de São Paulo disse que não descarta propor a internação compulsória dos usuários de crack. “Obviamente, é uma medida extrema que pode ser usada com cuidado em último caso”, falou.
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Nunes citou o Levantamento de Cenas de Uso em Capitais (Lecuca), realizado por pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que mostra que 57% dos frequentadores da Cracolândia estão nessa situação há pelo menos cinco anos, e 39% há 10 anos ou mais. “Quem está há tantos anos sob o efeito do crack tem dificuldade em ter discernimento sobre o seu tratamento”, falou. “[A internação compulsória] é uma situação extrema, mas com a prescrição do médico e concordância do Judiciário, a prefeitura vai dar o acolhimento com a internação para salvar a vida dessas pessoas”.
O prefeito, no entanto, afirmou que não havia sido procurado pelo governo de São Paulo para discutir a possibilidade de internações compulsórias no local antes da fala de Tarcísio. Segundo ele, ambos “conversaram depois” sobre a possibilidade.
Nunes ressaltou o trabalho conjunto entre prefeitura e governo na questão da Cracolândia, e disse acreditar que a sua “afinidade ainda maior com o Tarcísio vai nos possibilitar avançar”.
Ele também cobrou ação do governo federal para impedir o tráfico de drogas internacional, após explicar que o Brasil não produz cocaína – droga da qual o crack deriva. “É necessário que o governo federal faça seu trabalho na questão de fronteira, de tráfico internacional de drogas, para poder minimizar as ações da cidade de São Paulo”, disse.
Nunes também falou que pretende convencer as instâncias federais da internação compulsória – medida fortemente criticada por parte da classe médica como resposta ao vício em drogas – através dos “fatos reais”. Para que um indivíduo seja internado compulsoriamente, a medida precisa ser determinada por um juiz competente, depois do pedido formal feito por um médico, atestando que a pessoa não tem domínio sobre a própria condição psicológica e física.
“Precisamos sair do discurso e ter ações reais, na prática, para que as pessoas possam se tratar e se livrar desse mal terrível que é o crack”, disse o prefeito.