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    Restaurante mais antigo do RS foi tomado por cheia do Guaíba pela 2ª vez: “Será que vale a pena voltar?”, questiona proprietário

    Em atividade desde 1889, Gambrinus fica no Mercado Público de Porto Alegre e foi "sobrevivente" do alagamento de 1941; empresário João Melo não garante permanência no local, apesar de estabelecimento ser símbolo histórico

    André Rigueda CNN , São Paulo

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    Nem mesmo o mais antigo restaurante do Rio Grande do Sul escapou dos alagamentos devastadores que atingiram o estado desde o início do mês. Localizado no Mercado Público de Porto Alegre, o Restaurante Gambrinus foi tomado pelas águas do Guaíba, que registrou cheia histórica com pico de 5,35 metros.

    Em atividade desde 1889, o Gambrinus também foi um “sobrevivente” do alagamento de 1941 em Porto Alegre, quando o Guaíba marcou 4,76 metros, até então o recorde.

    O restaurante pertence ao empresário João Melo, que também é o atual presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) do Rio Grande do Sul.

    “O Gambrinus é um restaurante centenário, só na nossa família ele tem 60 anos. Ele foi bem prejudicado, alagado totalmente. Faz alguns dias que a água baixou, mas ainda não foi autorizado o nosso acesso, por se tratar de um Mercado Público, para fazer uma vistoria e ver o que vai se aproveitar de equipamentos”, explicou João Melo.

    “Estamos ansiosos, como é uma casa muito antiga, centenária, com muita madeira, material que com água se destrói. Talvez as mais antigas resistam, mas as mais novas, os balcões, devem ser todos perdidos”, completou o empresário.

    João Melo acredita que conseguirá entrar no mercado nos próximos dias para avaliar os estragos. A expectativa é de que a água tenha atingido a marca de 1,5 metro de altura dentro do restaurante. Em 1941, com a cheia do Guaíba, a água marcou 1,4 metro no centro do mercado.

    Mudança de endereço

    O Gambrinus é símbolo do Mercado Público. No entanto, João Melo afirmou à CNN que poderá deixar o local. “Tenho uma casa inteira para reconstruir, o momento é de repensar o negócio. Será que vale a pena voltar, para um prédio que a gente não tem segurança de vida, que não vamos sofrer outra enchente ou ter outro problema?”, questionou.

    Situação do Mercado Público de Porto Alegre (RS) após queda no nível de água na cidade
    Situação do Mercado Público de Porto Alegre (RS) após queda no nível de água na cidade / Gilmar Alves/ASI/Estadão Conteúdo – 21.mai.2024

    “Claro que passa na cabeça de qualquer empresário. Nem acessamos a loja ainda. O investimento é grande. A gente estima R$ 1 milhão em prejuízo. No cenário atual, da economia nacional, até global, é um cenário que assusta. Vai investir R$ 1 milhão de novo e não sabe se vai alagar novamente daqui um ano, dois anos…”

    Funcionários

    Atualmente, o Gambrinus tem 18 funcionários, entre eles o garçom Zezinho, que trabalha há mais de 40 anos. O proprietário do local diz que espera por ajuda governamental para conseguir a reconstrução e manter os empregados. “Temos uma equipe de profissionais muito dedicada. Só que precisamos de auxílio para pagar a folha. O setor de restaurante vem endividado desde a pandemia, período que o Gambrinus não demitiu ninguém”, diz João Melo.

    Imagem mostra funcionários na porta do Restaurante Gambrinus antes do alagamento em Porto Alegre / Reprodução/Instagram

    “É uma casa centenária, viveu a enchente de 1941, dois incêndios, o último em 2013. Viveu pandemia, morte de sócios…, mas nossa maior preocupação é a cidade que tem cenário de caos. Muitas empresas vão perecer se não tiverem ajuda. Só no Mercado Público, são 1,5 mil pessoas, praticamente 100 bancas, e todo mundo decidindo o que fazer, querendo preservar os empregos, mas numa situação de muita dificuldade”.

    A CNN entrou em contato com a assessoria da Prefeitura de Porto Alegre sobre os trabalhos de recuperação do Mercado Público e de quando os proprietários de lojas poderão retornar. O texto será atualizado após a resposta.

    (Colaborou Rafael Villarroel, da CNN) 

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