Renato Cariani: Empresa de influencer lucrou R$ 3,7 milhões com venda ilícita de produtos químicos, aponta investigação
Relatório é do Ministério Público de São Paulo; CNN teve acesso a documentos do processo, que tramita sob segredo de justiça
Um relatório do Ministério Público de São Paulo (MPSP) elaborado após a investigação da Polícia Federal sobre a empresa Anidrol Produtos para Laboratórios LTDA, que tem Renato Cariani e Roseli Dorth como sócios-administradores, aponta lucros ilícitos de R$ 3,7 milhões relacionados aos desvios de produtos químicos.
A CNN teve acesso a documentos do processo, que tramita sob segredo de justiça, que mostram o relatório da investigação, além dos pedidos de prisão, que posteriormente foram negados pela justiça. O documento é assinado por promotores do Gaeco, braço do MPSP que combate o crime organizado.
Dessa forma, a empresa do influencer emitia notas fiscais nos valores correspondentes aos depósitos e conseguia justificar a saída dos produtos químicos para o narcotráfico.
Para a PF, a tática utilizada pelo grupo mostrou que a Anidrol era “peça do mecanismo engendrado para o tráfico de drogas”, segundo documento.
Ao todo, foi apurado o total de 60 vendas fraudulentas, que repetiam o mecanismo que atendeu uma rede completa de traficantes. Entre essas vendas, também foi detectado que um dos depositantes não identificou créditos feitos à Anidrol com o nome de uma indústria química.
Após confirmar o recebimento do depósito, a Anidrol emitiu notas fiscais como se tivesse fornecido produtos para a empresa. Para a PF, essa transação é mais um indício que mostra a participação de pessoas na engenharia financeira que alimentou o tráfico de drogas.
Os produtos químicos que saem da fábrica de Cariani devem ser declarados à PF. O setor que faz o cadastro é o Sistema de Controle e Fiscalização de Produtos Químicos (Siproquim).
“A partir dos mapas declarados pela Anidrol ao Siproquim, apurou-se vendas de lidocaína, fenacetina, manitol e outros produtos químicos utilizados no processamento de entorpecentes”, segundo o documento.
As diversas inconsistências e episódios suspeitos expostos pela PF indicam “complexa associação para o tráfico de drogas, com estabilidade e permanência, cujo objetivo é desviar produtos químicos à preparação de drogas”, diz o relatório
Outras vendas para o tráfico
Durante a investigação, a PF encontrou uma intimação da Delegacia de Investigações sobre Entorpecentes – DISE, para que Roseli Dorth prestasse, em 2017, esclarecimentos sobre a venda de “tricloroetileno”, “utilizado para a fabricação de lança-perfume”, para um traficante da Grande São Paulo.
A justiça chegou a condenar o homem por tráfico e ele revelou que comprou a substância da empresa e Cariani. As vendas, entre 2014 e 2017, ultrapassaram o valor de R$ 360 mil, o que correspondia a “mais de 9 mil litros, destinado a fabricação de “lança-perfume”, segundo documento.
Para os policiais, os antecedentes da empresa são agravantes no que diz respeito à parceria ou,” no mínimo, conivência com grupos criminosos dedicados à produção de entorpecentes”.
Outro lado
A CNN entrou em contato com Renato Cariani e Roseli Dorth. O primeiro não retornou até a publicação da reportagem. Roseli enviou uma nota. Veja abaixo:
Todos os esclarecimentos serão prestado às autoridades. Todos os fatos serão completamente esclarecidos e ficará cabalmente evidenciado que a empresa ou seus sócios jamais praticaram qualquer ilegalidade, tendo sempre respeitado todas as exigências previstas na legislação. Confiamos que todos os fatos serão elucidados e não haverá qualquer dúvida quanto à correção da empresa.