Redes sociais demonstram aumento da consciência sobre violência doméstica, diz pesquisadora
Segundo Helena Junqueira, gerente de pesquisas digitais da Ipsos Brasil, a conscientização sobre o problema passa pelo aumento das discussões sobre ele
Em entrevista à CNN nesta terça-feira (5), a gerente de pesquisas digitais da Ipsos Brasil, Helena Junqueira, comentou um novo estudo da empresa especialista em pesquisas sobre a repercussão da violência doméstica nas redes sociais. “A gente percebe pelas redes sociais, pelas publicações, que a consciência [sobre abusos contra mulheres] aumenta”, disse.
A pesquisadora destacou que, durante a pandemia, as discussões sobre o assunto aumentaram nas plataformas digitais, de acordo com dados obtidos pela pesquisa – o que pode ser interpretado como uma consequência do aumento dos casos de agressões físicas contra as mulheres nesse período. A especialista citou uma pesquisa divulgada em 2020 pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que demonstrou que oito mulheres foram agredidas fisicamente a cada minuto no Brasil durante aquele momento da pandemia.
As discussões nas redes sociais de casos de destaque, como o da influenciadora digital Mariana Ferrer, que se pronunciou publicamente sobre as violências que sofreu, ajudaram a aumentar a conscientização sobre o assunto, na visão de Junqueira.
A conscientização passa por falar mais sobre os casos. A imprensa brasileira noticiando esses casos acaba movimentando as redes, fazendo as pessoas tomarem consciência até de outros tipos de violência, como a violência psicológica e a digital. É importante nós mulheres sabermos a que tipo de violência estamos expostas, e é importante que a gente fale sobre isso.
Helena Junqueira, gerente de pesquisas digitais da Ipsos Brasil
A pesquisa demonstrou que os homens também estão se engajando nos debates sobre a questão da violência doméstica no país. No Brasil, a pesquisadora citou que 54% dos comentários detectados foram feitos por mulheres, contra 45% por homens. “É interessante ver que há um número grande de homens. Ainda que 54% sejam mulheres, quase metade são homens. Os homens também estão engajados na causa, também compartilham notícias e comentam sobre os casos.”
A tendência de minoria dos homens nas discussões é uma particularidade brasileira, observou Junqueira. Nos outros quatro países onde a pesquisa foi realizada (México, Guatemala, El Salvador e Honduras), a situação é inversa e os homens ocupam o primeiro lugar.
A pesquisa foi feita a pedido da Organização das Nações Unidas (ONU), como parte do programa Spotlight, que pretende erradicar a violência contra as mulheres e meninas.
De acordo com a representante da Ipsos, o conteúdo do estudo servirá para guiar novas estratégias de combate ao problema e de conscientização através das mídias digitais.
*Sob supervisão de Rafaela Lara