Reconstituição do assassinato do lutador Leandro Lo será feita nesta quarta (31)
Octacampeão mundial de jiu-jítsu foi baleado na cabeça por um policial militar em um clube no último dia 7 em São Paulo; veja o que sabemos sobre o caso
A reconstituição do assassinato do octacampeão mundial de jiu-jítsu Leandro Lo será feita nesta quarta-feira (31), segundo informações da defesa do suspeito, o policial militar Henrique Otávio de Oliveira Velozo.
Leandro Lo foi baleado na cabeça durante um show no Clube Sírio, em São Paulo, na madrugada de 7 de agosto.
De acordo com testemunhas, o lutador de jiu-jítsu estava com cinco amigos no clube, quando o policial, que também pratica artes marciais, se aproximou e começou a provocar o grupo, pegando as bebidas que estavam na mesa. Leandro reagiu e pediu que ele deixasse o local.
Segundo o advogado da família do lutador, Ivã Siqueira Júnior, durante a discussão, o lutador foi “peitado” pelo PM, por isso o imobilizou com técnicas de jiu-jítsu. Após se afastar, o policial sacou uma arma e atirou.
Ainda segundo o defensor, testemunhas relataram que o agressor teria chutado duas vezes a cabeça de Leandro, que já estava caído no chão, desacordado.
O atleta foi socorrido e levado ao Hospital Municipal Arthur Saboya, no Jabaquara, na zona sul de São Paulo, mas não resistiu e teve a morte cerebral declarada ainda na manhã de domingo (7).
Depois de atirar e matar o campeão mundial de jiu-jítsu, Velozo foi a uma boate, consumiu bebidas e saiu acompanhado de uma mulher, a qual ele levou a um motel da capital paulista.
À CNN, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) afirmou que a Polícia Civil ainda não passou nenhuma confirmação de data para a reconstituição.
Velozo está preso preventivamente
A polícia decretou a prisão preventiva do PM, que se apresentou à Corregedoria da Polícia Militar no mesmo dia, sendo conduzido a uma delegacia para prestar depoimento.
Após audiência de custódia, em 8 de agosto, a Justiça decidiu manter a prisão temporária de 30 dias.
Em seguida, o agente foi encaminhado ao presídio Militar Romão Gomes, em São Paulo, onde permanece preso.
Conforme a SSP, o PM foi indiciado por homicídio por motivo fútil. O caso segue em investigação no 16° DP, na Vila Clementino.
Em 15 de agosto, o Governo de São Paulo suspendeu o pagamento de salário para o policial militar, que é alvo de um processo disciplinar na instituição.
A defesa pontua que o policial agiu de forma defensiva, após ser atacado pelo lutador, que estava na companhia de outros cinco lutadores.
O delegado titular do 16° DP, José Eduardo Jorge, que conduz a investigação do caso, no entanto, disse que a conclusão sobre ter ou não havido legítima defesa ficará sob responsabilidade da Justiça, mas, ao que tudo indica, não foi o que aconteceu.
“Ele [Henrique] não estava apanhando, ele foi apenas imobilizado [por Leandro] e os amigos disseram para deixar pra lá. Nisso, o Leandro levantou e sentou na cadeira, depois o Henrique levantou, deu volta e matou o cara. É um homicídio qualificado, motivo fútil, ele não tinha motivo para matar, ele não se defendeu. Legitima defesa é quando você está apanhando, pega um instrumento e bate, mas aquilo é execução”, informou o delegado à CNN.
Histórico
Em 2021, Velozo foi condenado a nove meses de prisão em regime aberto após ter se envolvido em um desentendimento em uma casa noturna. O caso aconteceu em 2017.
Na ocasião, a Polícia Militar foi acionada após o agente ter se envolvido em uma briga. De acordo com a sentença, ele estava “nervoso e exaltado, dificultando o trabalho dos militares”. Em determinado momento da abordagem, ele desferiu um soco no braço de um dos agentes e tentou acertá-lo no rosto.
Leandro Lo tinha 33 anos de idade e, além dos oito campeonatos mundiais, foi campeão nos torneios sul-americano, Copa Mundial e nos campeonatos pan-americano, brasileiro e europeu.
(Publicado por Júlia Vieira, da CNN)