Quem é o bicheiro Rogério de Andrade?
Sobrinho de um dos nomes mais famosos da contravenção, Castor de Andrade, Rogério assumiu os negócios da família em uma disputa violenta
Sobrinho de um dos nomes mais conhecidos da contravenção carioca, Rogério de Andrade assumiu os negócios da família após a morte de Castor de Andrade, em 1997. O bicheiro teve um ataque cardíaco enquanto jogava cartas com um amigo. Desde então, o sobrinho ficaria o responsável pela exploração do jogo do bicho, de máquinas de caça-níqueis, bingos e cassinos, na zona oeste do Rio de Janeiro.
Na manhã desta quarta-feira (20), o Ministério Público promoveu uma operação, com apoio das Corregedorias da Polícia Militar e da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do Rio de Janeiro (Seap), além da Polinter, para mandados de prisão contra 18 policiais militares da ativa, um reformado e um policial penal que fariam parte da organização criminosa liderada pelo contraventor, que não estava entre os alvos.
Braço direito do tio, Rogério dividiu a herança de Castor com o filho do bicheiro, Paulo Roberto de Andrade, que morreu um ano após o pai, e com o ex-cunhado, Fernando Iggnácio, assassinado a tiros em um heliponto na zona oeste do Rio de Janeiro, em 2020. Rogério foi investigado como mandante dos dois crimes.
A contravenção é forte no estado do Rio de Janeiro e as disputas pela exploração do jogo não acontecem apenas internamente na família de Castor. Desde a década de 1970, foi criada uma espécie de divisão de territórios para apaziguar os conflitos entre os bicheiros da chamada “velha cúpula”. Deu certo por um tempo. No entanto, as novas gerações passaram a entrar em conflitos novamente os pontos e principalmente o controle das máquinas caça-níqueis.
Há alguns anos, Rogério de Andrade vive uma guerra declarada contra Bernardo Bello, alvo de operação do Ministério Público no início do mês, e por quem é descrito como uma pessoa violenta. Além disso, essa nova cúpula do bicho tem outros nomes, como Adilson Coutinho Oliveira Filho, o Adilsinho, herdeiro de uma família de bicheiros da Baixada Fluminense, e Vinicius Drumond, filho de Luizinho Drumond, morto em 2020, que controlava pontos de jogo na zona da Leopoldina.
Na disputa violenta por pontos de jogo, Rogério de Andrade foi um dos alvos. Em um atentado, em 2010, explosivos foram colocados dentro do carro em que o bicheiro estava. O filho do contraventor, Diogo de Andrade, que dirigia o veículo, não sobreviveu. Rogério teve ferimentos no rosto.
Ligação com o Carnaval
Assim como outros importantes líderes do jogo do bicho no Rio de Janeiro, Castor de Andrade tinha uma ligação intensa com o Carnaval do Rio. Ele foi um dos criadores da Liga Independente das Escolas de Samba, a Liesa. A paixão do bicheiro, no entanto, era pela Mocidade Independente de Padre Miguel. Desde os anos 1970, era grande investidor da escola. Rogério seguiu o tio também no samba. Atualmente o contraventor é patrono da agremiação.
A ausência na Sapucaí no último desfile foi porque não conseguiu autorização judicial. Ele cumpre prisão domiciliar, com uso de tornozeleira eletrônica, desde dezembro de 2022 e não pode sair de casa entre 20h e 06h. O benefício foi concedido pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) apenas quatro meses após a prisão, durante um a ação da Polícia Federal. Na ocasião foi apreendida numa casa do bicheiro, num condomínio em Petrópolis, uma lista de pagamento de propinas a policiais.
Não muito chegado às redes sociais, Rogério tem aparecido com frequência no perfil da esposa, Fabíola Andrade, atual rainha da bateria da Mocidade. Para os cerca de 50 mil seguidores, a influencer costuma postar fotos ao lado do marido em viagens e eventos especiais.