Quem era a ultramaratonista que morreu no interior de SP

Moradora da cidade de Leme, no interior de São Paulo, a ultramaratonista Camilla Matte, 44 anos, foi encontrada morta nesta terça-feira (16). Ela estava desaparecida desde a manhã do último domingo (14). De acordo com a família dela, a atleta saiu de casa e iria almoçar com os pais, mas não chegou ao destino e não deu notícias.

De acordo com a polícia, o corpo foi localizado em uma zona rural do município com sinais de ferimentos provocados por fogo. O corpo estava próximo ao carro de Camila, em uma estrada de terra em Leme. Dois frascos de álcool foram apreendidos. Dentro do veículo havia objetos pessoais da vítima.

Camila estava em um automóvel Gol cinza, placa FDO-2699, e iria para São Carlos, também no interior paulista, que fica a cerca de 90 quilômetros de Leme.

A Polícia Civil informa que Peterson Cesar Malachias, 48, marido da atleta, relatou que o casal havia tido uma briga em casa.

Quem era a atleta

Camila Matte era formada em Educação Física e trabalhava como personal trainer. Ela já participou de ultramaratonas com percursos de até 217 quilômetros de extensão.

A atleta já disputou provas conhecidas no exterior, como a Ultra-Trail Mont-Blanc, que atravessa França, Itália e Suíça. Em uma entrevista em 2022, Camila disse que fez a prova, de 170 quilômetros, em 45 horas, 7 minutos e 5 segundos.

Ela também competiu na Badwater 135 milhas (cerca de 217 quilômetros). A prova, realizada na Califórnia, Estados Unidos, é apontada como a corrida a pé mais difícil do mundo.

No Brasil, entre as provas que participou está a Ultramaratona dos Anjos Internacional (UAI), cujo percurso, de 235 quilômetros, passa por cidades do sul de Minas Gerais, como Caxambu, São Lourenço, Itanhandu, Itamonte, Alagoa e Aiuruoca.

Na entrevista que deu a um canal de YouTube em 2022, Camila contou que se interessou pela ultramaratona em 2011, quando participou do Caminho da Fé, a rota percorrida por romeiros para chegar até a cidade de Aparecida, no interior de São Paulo.

Pouco depois, fez uma prova de 50 quilômetros em Ilhabela, no litoral norte de São Paulo. “O limite era 8 horas. Eu fiz em 7 horas e 53, mas estava feliz da vida”, contou. “Com três anos de ultramaratona eu estava fazendo a Badwater”, destacou.

Segundo Camila, seu envolvimento com os esportes vem desde a infância. “Eu comecei aos 9 anos praticando natação, por eu ser uma criança muito alta e muito magra, com a postura muito errada.”

Ela contou na entrevista que, da natação, passou depois para o triathlon, que envolve também corrida e pedalada. “Eu tive sete colocações para a seleção brasileira com o triathlon”, afirmou.

“Mas aí chega numa certa idade que você tem que escolher entre a universidade e o esporte. Eu fiz faculdade de Educação Física, por já ser uma atleta. E eu comecei só com a corrida, por ser um esporte fácil e rápido de ser praticado. Mesmo porque eu não poderia ficar parada porque eu fazia uma faculdade de Educação Física”, acrescentou.

Nas redes sociais, Camila costumava postar fotos e vídeos das corridas e dos treinos, além de dar dicas para pessoas interessadas em praticar o esporte.

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