Queda de helicóptero em SP: empresário chamou aeronave de “teco-teco” em convite para voo
Áudios no celular de uma das vítimas revelam como foi a decisão de voar para Ilhabela
No celular de Luciana Rodzewics, de 46 anos, uma das vítimas da queda do helicóptero em Paraibuna, no interior de São Paulo, a família teve acesso ao convite feito pelo amigo da comerciante para o voo que acabou não chegando ao litoral.
Em mensagem, o empresário Raphael Torres, de 41 anos, chamou as demais vítimas para um passeio no que ele chamou como “teco-teco’, termo pejorativo utilizado popularmente para definir aeronaves de pequeno porte.
“Se você quiser, eu estou a fim de fazer um bate-e-volta, num teco-teco, lá do Campo de Marte. Leva a sua filha. A gente vai lá para Ilhabela, ou algum lugar, meu, passa o dia e volta. O que você acha?”, disse Raphael em áudio enviado à Luciana, em 30 de dezembro, um dia antes do acidente. O conteúdo da conversa foi enviado à CNN pela família da comerciante.
A conversa segue e os amigos decidem se encontrar para almoçar. Lá, segundo a família de Luciana, possivelmente, os dois combinaram os detalhes para o voo do dia seguinte.
O helicóptero, um Robinson R44 fabricado em 2001, decolou no início da tarde do dia 31 de dezembro do aeroporto Campo de Marte, na zona norte de São Paulo, e iria para Ilhabela, no litoral norte do estado, mas não chegou ao destino.
Antes da queda, a aeronave havia feito um pouso de emergência perto da represa de Paraibuna, a cerca de 10 quilômetros do local onde os destroços foram encontrados.
Além de Luciana e Raphael, a filha dela, Letícia Rodzewics, de 20 anos, e o piloto Cassiano Tete Teodoro, 44 anos, também estavam no helicóptero. Todos os ocupantes da aeronave foram encontrados sem vida, após 12 dias de buscas.
No celular das vítimas também foram encontradas as últimas mensagens trocadas por mãe e filha, minutos depois de o piloto fazer o pouso de emergência e a jovem mandar uma foto do local para o namorado.
Às 14h11 Luciana diz à filha: “Deus sabe de tudo”. Ela segue: “Estou feliz também”. A jovem responde “Sim, mãe. Relaxa”.
A queda do helicóptero segue em investigação. A Polícia Civil apura o caso como homicídio culposo, quando não há intenção de matar, e aguarda laudos da perícia para concluir o inquérito policial.
Já as investigações sobre as causas do acidente estão sendo feitas pela Força Aérea Brasileira (FAB), por meio do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa).
Um relatório preliminar aponta que o helicóptero colidiu com a vegetação em área de mata. Segundo o órgão, os trabalhos relativos à ocorrência ainda estão em andamento, sem prazo definido para conclusão.
Doação de material de trabalho de Letícia
A família decidiu doar o material utilizado por Letícia para trabalhar como designer de unhas, nesta segunda-feira (22), para a Casa Florescer, de acolhimento para travestis e mulheres transexuais, no centro da capital paulista. Também foram entregues todas as roupas da mãe e da filha.