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    Presença ostensiva de ministros gera ruído em São Sebastião

    Apesar do sinal positivo de união de forças entre Lula e Tarcísio de Freitas interlocutores de ambos identificaram ruídos políticos e divergência nas estratégias de reconstrução

    Agentes da Defesa Civil em ação conjunta com equipes de resgate no entorno das casas da Vila Sahy, antiga Vila Baiana, em São Sebastião
    Agentes da Defesa Civil em ação conjunta com equipes de resgate no entorno das casas da Vila Sahy, antiga Vila Baiana, em São Sebastião Tiago Queiroz/Estadão Conteúdo

    Caio Junqueira

    Apesar do sinal positivo de união de forças dado publicamente pelo presidente Lula e pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, para combater os efeitos da tragédia em São Sebastião nas horas que se sucederam as chuvas, interlocutores de ambos identificaram nos dias seguintes ruídos políticos e divergência nas estratégias de reconstrução.

    Tarcísio, por exemplo, deslocou-se para o local desde domingo, onde tem feito reuniões diárias com seu secretariado e cumprido agenda com autoridades e a população locais. Um dos focos é a busca de recursos privados para auxiliar a população local. Ele negocia por exemplo com o setor privado o pagamento de leitos do setor hoteleiro a desabrigados das enchentes em São Sebastião. Segundo fontes do governo paulista, já há tratativas em curso com empresas como Itaú e Vale.

    Em outra frente, o ministro dos Portos e Aeroportos, Márcio França, que tem base eleitoral na Baixada Santista, também tem utilizado a Companhia Docas de Santos como sede de reuniões com prefeitos para colher suas demandas. Ele disse à CNN que o porto destinará R$ 2 milhões para esse finalidade. Além disso, foram coletados toneladas de alimentos pelos operadores portuários. França estava dentro do navio da Marinha no deslocamento feito entre Santos e São Sebastião.

    “O porto de Santos já fez a primeira coleta pelos operadores portuários. Recolhemos 60 toneladas de alimentos e embarcamos no primeiro dia num navio da Marinha que já fez a entrega e agora estamos embarcando um segundo. Além disso, o porto de Santos vai fazer uma compra do que os prefeitos da região demandarem. Por exemplo, material de limpeza, higiene, construção. O porto fez doaçõe de R$ 2 milhoes para isso”, disse França a CNN.

    O ministro, que tem base eleitoral na Baixada Santista, afirmou também que tem se reunido com prefeitos da região para verificar suas demandas.
    “Recebemos dos prefeitos da área mais acima do litoral (Ubatuba, Caraguiatatuba, Ilhabela) pleitos de ajuda da Defesa Civil. E hoje reunimos na Companhia Docas, eu, a Soniza Guajajara (ministra dos Povos Indígenas) e o Waldez (Góes, ministro da Integração Nacional) que trouxeram reivindicações”, disse França.

    A Companhia Docas tem sido um ponto de divergência entre ambos desde o início do governo Lula. Tarcísio é a favor da privatização e França lidera no governo federal a resistência. Em evento hoje em Santos, França aproveitou para defender que o porto se mantenha estatal. “Se houver essa situação (de oleodutos da Petrobras prejudicados pela enchente), durante um período, parte dos navios da Petrobras não vão poder parar em São Sebastião, vão ter que parar aqui no Porto de Santos, que é um porto público. Mais uma vez a gente reforça a necessidade de ter um porto público. Se não tivesse um porto público, muitas vezes não teria como colocar um navio da Petrobras aqui nesse instante”, disse França.

    Ele também disse que “por isso que tem que ter um porto público, porque senão você fica desabastecido de gasolina e óleo diesel em todo o estado de São Paulo”. A declaração desagradou autoridades paulistas.

    Nesta sexta-feira também houve outros ruídos. O ministro dos Transportes, Renan Filho, anunciou que enviará recursos para revitalização da rodovia Rio-Santos, sem que houvesse pedido nesse sentido do governo paulista. Fontes do governo paulista alegam não haver necessidade de recursos para obras na pista. A estratégia agora tem sido desbloquear a rodovia. Já foram liberados 82 pontos da rodovia em 5 dias.

    Também hoje o governador de São Paulo organizou e divulgou uma agenda em uma aldeia indígena que depois foi acompanhada também pela ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, e a presidente da Funai, da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana.

    A CNN procurou as empresas citadas na reportagem. A Vale mandou uma nota dizendo que é “sensível à situação da população atingida pelas fortes chuvas no litoral Norte de São Paulo” e que uniu forças com as autoridades para ajudar nas operações de assistência na região. A empresa disponibilizou dois helicópteros que já estão atuando desde o dia 22 no transporte de itens de necessidade básica. Já o Itaú informou que não vai comentar.

    Neste sábado está previsto um sobrevoo no local do vice presidente Geraldo Alckmin, ex governador do estado de SP.