Por dia cinco mulheres foram vítimas de feminicídio em 2020, aponta estudo
Dados são da Rede de Observatório da Segurança e somam registros de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Ceará e Pernambuco
Pelo menos cinco mulheres foram assassinadas ou vítimas de violência por dia em 2020. Os dados da Rede de Observatório da Segurança mostram que cinco estados brasileiros registraram, juntos, 449 casos de feminicídio no ano passado, isto é, vítimas que foram mortas por serem mulheres.
A violência contra a mulher em 2020, o que inclui o feminicídio, entrou na terceira posição do ranking de eventos monitorados pela Rede. Entre os mais de 18 mil eventos relacionados à segurança pública e a violência, 1.823 se referem aos crimes de gênero contra a mulher, o que dá a média de cinco casos ao dia.
A pesquisa denominada “A Dor e a Luta: Números do Feminicídio” aponta que São Paulo é o estado brasileiro com o maior número de registros, entre os cinco (BA, CE, PE, RJ e SP) acompanhados pelas pesquisadoras. No estado paulista, 731 mulheres foram mortas ou sofreram qualquer tipo de violência, ou cerca de 40% do total. Na sequência, vêm os estados do Rio de Janeiro (318), Bahia (289), Pernambuco (286) e o Ceará (199).
Os crimes com o maior número de registros entre as tipificações existentes são agressão/tentativa de feminicídio (753). Há porém altos índices de feminicídio (449); homicídio – classificado quando não é possível constatar que a motivação era o gênero da vítima – (298); violência sexual/estupro (217); agressão verbal/ameaça (98); tortura/sequestro/cárcere privado (81); tentativa de homicídio (43); outros (37); e balas perdidas (31).
Em 58% dos casos de feminicídios e em 66% dos casos de agressão, os criminosos eram companheiros havia algum relacionamento afetivo com a vítima, além da pandemia ter influenciado diretamente nos números.
De acordo com o estudo, “durante a pandemia, o isolamento social agravou a situação de violência contra as mulheres, que passaram a ter mais tempo de convívio com o agressor. Os riscos aumentaram e o acesso das vítimas a redes de proteção e denúncia ficou mais difícil. Pouco depois do início da quarentena, os casos de feminicídio aumentaram e ocorreu um pico de 11 casos no mês de maio”.
As pesquisadoras também trazem outro dado pouco discutido. Em seis dos casos apurados o agressor cometeu suicídio após o crime de feminicídio.