Polícia prende quadrilha que fraudava benefícios para vítimas do césio-137
Prejuízo causado pela associação criminosa pode ultrapassar R$ 20 milhões, segundo a polícia
A Polícia Civil de Goiás cumpre nesta segunda-feira (30), em Goiânia, três mandados de prisão e 11 de busca e apreensão contra suspeitos que se aproveitavam do acidente césio-137 para cometer fraudes. A tragédia, ocorrida em 1987, é considerada como o maior acidente radiológico do mundo fora de uma usina nuclear.
A ação tem como objetivo desarticular um grupo criminoso que promovia uma série de fraudes visando obter benefícios próprios em decorrência do acidente radiológico. Até hoje, vítimas diretas e indiretas que foram contaminadas pela radiação recebem pensão e/ou indenização.
Segundo as investigações, advogados também faziam parte do esquema. Os profissionais do direito convenciam servidores aposentados que trabalharam na época césio-137 para que utilizarem que movessem diversas ações judiciais tentando obter a isenção do Imposto de Renda, por exemplo.
Ainda conforme a polícia, as ações judiciais eram compostas por documentos fraudulentos, como relatórios, laudos e exames médicos.
O prejuízo estimado causado pela associação criminosa pode ultrapassar os R$ 20 milhões, segundo a polícia.
A operação segue em andamento.
Relembre o acidente
Em 13 de setembro de 1987, em Goiânia, dois catadores de lixo encontraram uma cápsula com césio-137 que fazia parte de um aparelho de radioterapia abandonado, onde funcionava o Instituto Goiano de Radioterapia.
Impressionados com o brilho intenso do pó, a dupla recebia visitas de outros moradores da cidade para apreciarem o material radioativo e altamente perigoso.
Quatro pessoas morreram após adoecerem por terem contato direto com a substância.
Ao todo, mais de 1.000 pessoas foram afetas direta e indiretamente depois de terem sido contaminadas. O elemento, que tem meia-vida física de cerca de 33 anos, infectou diversos locais e objetos na cidade.
* Sob supervisão