Polícia prende operador financeiro de milícia que atua na zona norte do Rio
Governador Cláudio Castro classificou a prisão como um "duro golpe na milícia" e defendeu combate à lavagem de dinheiro
A Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu André Felipe Mendes, primo e operador financeiro de Danilo Tandera, um dos milicianos mais procurados do Rio de Janeiro, que atua em Ramos, na zona norte da cidade.
O anúncio foi feito pelo governador Cláudio Castro (PL) nas redes sociais. Segundo a publicação, esse seria um “duro golpe na milícia”. André já vinha sendo investigado e contra ele, havia um mandado de prisão expedido.
Acabamos de dar mais um golpe duro na milícia! Policiais civis da Draco, Polinter, DRE e Core prenderam agora há pouco o operador financeiro da milícia do Tandera, em Ramos, na Zona Norte do Rio.
— Cláudio Castro (@claudiocastroRJ) October 24, 2023
Mais cedo, Castro disse que um plano de contingência foi colocado em prática no estado para garantir a segurança da população, que ficou amedrontada com os ataques de criminosos da última segunda-feira (23).
Castro informou que setores de inteligência não receberam mais informações sobre novos episódios violentos. No entanto, reforçou que, até que se tenha certeza de que a situação está sob controle, o patrulhamento nas ruas continuará reforçado.
“A gente continua em estado máximo de alerta, minha orientação é para toda a força do Rio de Janeiro na rua. Viaturas, carros, blindados, helicópteros, drones, tanto da Polícia Civil quanto da Polícia Militar. A administração penitenciária também com nível máximo de cuidado e de alerta, e até estar totalmente estabilizado assim vai ser a nossa postura”, disse o governador em entrevista coletiva, mais cedo.
O governador passou o dia reunido com o secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli. Segundo Castro, o foco da ajuda federal no plano para conter a violência no Rio é nos limites do estado: rodovias, portos e aeroportos, dificultando a entrada de armas e drogas no Rio. Ele explicou que a ideia é combater a lavagem de dinheiro e promover a asfixia financeira das organizações criminosas, para impedir a atuação desses grupos.
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Os ataques criminosos
Na última segunda-feira (23), ao menos 35 ônibus, quatro caminhões e um trem foram incendiados. Além disso, duas estações de BRT foram queimadas e houve tentativas em mais três.
À noite, a prefeitura da capital fluminense chegou a decretar estágio de atenção, que é o terceiro nível em uma escala de cinco e significa que pelo menos uma região da cidade foi impactada por ocorrências com reflexos relevantes na infraestrutura e logística urbana, e afetando diretamente a rotina de parte da população.
A suspeita é que as ações aconteceram após uma operação da Polícia Civil que resultou na morte de Matheus da Silva Resende, conhecido como “Faustão” ou Teteus”, de 24 anos. Ele é sobrinho do miliciano e chefe do grupo paramilitar que age na Zona Oeste do Rio, Luis Antônio da Silva Braga, o “Zinho”.
“Faustão” morreu após confronto com a polícia, nesta segunda-feira (23), na comunidade Três Pontes, em Santa Cruz, na Zona Oeste. Ele era apontado como o número dois na hierarquia da milícia da região e é investigado por ao menos 20 mortes.
Segundo informações das autoridades, a ordem para os ataques teria partido de Rui Paulo Gonçalves Estevão, o Pipito. De acordo com o setor de Inteligência das polícias do Rio, o grupo paramilitar já está se organizando para colocar o criminoso no comando.
Disque denúncia busca informações
Nesta terça-feira (24), o Disque Denúncia divulgou um cartaz com fotos de duas pessoas que teriam ateado fogo em coletivos, a fim de obter informações sobre a identificação dos suspeitos.
De acordo com o governo do estado pelo menos 12 pessoas foram presas até agora por envolvimento no que Castro classificou como “atos terroristas”.
Após os ataques, Cappelli afastou a possibilidade de uma intervenção federal no Rio e disse que o foco das ações das autoridades no momento é ampliar o trabalho de inteligência.