Polícia prende mulher suspeita de entregar filha para abuso sexual no RS
Prisão preventiva ocorreu no âmbito da terceira fase da Operação La Lumière; ao todo, desde abril, cinco pessoas foram detidas
A Polícia Civil do Rio Grande do Sul prendeu, nesta sexta-feira (26), no âmbito da terceira fase da Operação La Lumière, uma mulher de 25 anos, em Porto Alegre, suspeita de entregar a filha desde que tinha poucos meses para ser vítima de abuso sexual.
Conforme a investigação com base nas conversas dos investigados, a mãe da mulher dava suporte para o crime e também participava, se beneficiando economicamente do ocorrido.
A criança, que hoje tem 1 ano e 8 meses, foi encaminhada para a perícia psíquica e verificação de violência sexual no Centro de Referência em Atendimento Infanto-juvenil (Crai-IGP) pelo Conselho Tutelar.
“Os abusos ocorriam desde quando a menina tinha poucos meses. Hoje, ela está com 1 anos e 8 meses. Essa mãe, que atua como garota de programa, esteve em relacionamento com ele por 2 anos, inclusive trabalhou na empresa de TI [tecnologia da informação] dele. A criança foi encaminhada para perícia psíquica e verificação de violência sexual ao Instituto Geral de Perícias. Há suspeita de que a mãe da mulher também se beneficiava financeiramente da exploração da neta. Pior caso de nossas vidas”, explica a delegada Camila Defaveri.
No dia 18 de maio, a polícia havia prendido preventivamente uma mulher de 26 anos, digital influencer e mãe de uma menina de 7 anos, e outra, de 23, mãe de um bebê de 1 ano e uma criança de 3 anos.
Segundo a delegada Defaveri, elas estiveram juntas em hotéis na cidade de Porto Alegre, realizando programas.
As duas mulheres foram conduzidas para o presídio. As crianças foram encaminhadas para perícia psíquica e verificação de violência sexual no CRAI-IGP por equipes do Conselho Tutelar.
A ação da Polícia Civil começou em 27 de abril, quando um homem, suspeito de cometer os abusos, foi preso em flagrante na cidade de Imbé. Na ocasião, uma outra mãe, com quem ele começou a exploração sexual, também foi detida.
Em nota à CNN, a defesa do suspeito afirma que “a acusação do ponto de vista técnico encontra obstáculos legais, eis que absolutamente descabida e imprópria para tipificar a conduta do defendido, sob nenhum ângulo se amolda a figura prevista do crime de exploração sexual, tão noticiado e sustentado pelas autoridades”.
Em toda a operação foram presas preventivamente cinco pessoas ao todo — quatro mulheres e um homem. O caso segue em segredo de justiça.
Entenda o caso
A Operação La Lumière começou em abril com buscas realizadas em duas propriedades de um homem de 41 anos, onde foram apreendidos diversos instrumentos sexuais, medicamentos calmantes de venda controlada, dopantes, entre outras coisas.
Além disso, celulares e computadores com o histórico de todas as conversas. Entre elas, troca de mensagens com uma mulher, mãe de três filhas, foram localizados.
Também foram realizadas buscas na casa mulher, onde apreenderam celulares e computadores que detinham conversas com homem com imagens, inclusive das crianças, negociando encontros e combinando valores.
Na ocasião, o homem suspeito de abuso e a mãe, com quem ele trocou mensagens, foram presos.
Segundo a polícia, com a apreensão dos aparelhos foi possível entender o esquema do homem. Ele busca conhecer mulheres vulneráveis, tanto em ONGs, Instituições de Amparo quanto em sites de prostituição, que tenham filhos menores de idade. Ele as convida para participar de encontros “familiares”, demonstrando boas intenções, ao solicitar PIX para imediato depósito.
Em seguida, iniciam as combinações, remetendo a tabelas de valores a serem pagos por ele para a prática de determinados atos com as infantes.
A delegada Camila Defaveri classificou que o suspeito mantinha um “cardápio de abusos”. Ele contém, inclusive, imagens de animes, já com o modelo do abuso.
“Tem tabelas de preços estilo cardápio e os valores, por exemplo: passear os três juntos no shopping (R$ 300), comer juntos (R$ 100), ver filmes juntos no sofá ou na cama (mais R$ 250), dormir os três juntos (R$ 500), tomar banho juntos vestidos de cueca (R$ 800) e dar banho nela (R$ 1500)”.
Após, combinado os valores, marcam o encontro em locais reservados, em hotéis nas cidades ou em uma de suas residências em Imbé.
Até o momento quatro pessoas foram presas. “Três mães, mulheres que exploram as filhas, e um explorador, abusador, que seria o cabeça da organização criminosa”, disse Camila.
*Publicado por Douglas Porto com informações de Pedro Pupulim.