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    Polícia indicia responsáveis por mortes de animais em pet shops alagados de Porto Alegre

    CNPJ das empresas Cobasi e Bicharada, além dos gerentes de filiais, foram indiciados

    Letícia CassianoDayres Vitoriada CNN*

    A Polícia Civil concluiu, nesta quarta-feira (12), três inquéritos policiais que investigaram a morte de mais de 170 animais em pet shops de Porto Alegre, durante as enchentes no Rio Grande do Sul. Duas lojas pertencem à marca Cobasi, enquanto a terceira loja, localizada no Centro Histórico, pertence a uma empresa local chamada Bicharada.

    Ao todo, a corporação indiciou nove pessoas físicas e quatro jurídicas na operação da Delegacia de Polícia de Proteção e Defesa do Meio Ambiente e dos Animais (Dema), que investigou três pontos de vendas de animais com ocorrência de mortes nas enchentes.

    Ao fim das investigações, a polícia indiciou duas pessoas físicas e o CNPJ da empresa Bicharada. Da Cobasi foram indiciados, ao todo, cinco gerentes locais, uma gerente regional, a responsável técnica e os CNPJ das filiais e matriz.

    Segundo a delegada à frente do caso, na loja da Cobasi localizada no Praia de Belas Shopping não foi encontrado nenhum animal vivo entre os 175 que estavam no estoque na unidade. Já na Cobasi da Av. Brasil, onde estavam 348 pets, apenas a carcaça de um pássaro e alguns peixes foram achados. Estima-se que os demais tenham sido resgatados por uma ONG, mas sem confirmação de números.

    Em nota, a defesa da Cobasi expressou “indignação com qualquer fala que indique a possibilidade de que, ao final das exaustivas investigações, a autoridade policial venha a proceder ao formal indiciamento de qualquer de seus colaboradores.” 

    A marca afirma que foi “surpreendida por um evento da natureza de proporções imponderáveis”, e afirma que uma acusação de crime doloso seria oriunda de uma narrativa “distorcida”. Confira a íntegra no final da matéria. 

    A CNN entrou em contato com a defesa da outra empresa envolvida, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem. 

    Relembre o caso

    As investigações de mortes de pets em lojas especializadas de Porto Alegre durante as enchentes no início de maio, começaram com uma ação judicial da Defensoria Pública gaúcha contra a Cobasi. A ação buscava uma indenização de R$ 50 milhões por danos ambientais, à saúde pública e danos psicológicos à coletividade.

    Na loja que fica no subsolo do Shopping Praia de Belas, dezenas de animais de pequeno porte como aves, peixes e roedores foram deixados durante a inundação que afetou o espaço no dia 3 de maio. Segundo testemunhas e gerentes do shopping, mesmo com o fechamento do centro comercial naquele dia ainda era possível acessar a unidade da Cobasi nos dias seguintes e fazer a retirada dos animais.

    Enquanto a água subia com o passar dos dias, a gerente da loja orientou os funcionários a guardar equipamentos eletrônicos do local dentro de carrinhos de compras, que foram colocados no mezanino, que ficou intacto. Os animais, que foram deixados com comida e água para alguns dias, poderiam ser carregados dentro de suas gaiolas mas permaneceram no subsolo, que foi totalmente alagado.

    Confira a nota completa da Cobasi sobre os indiciamentos:

    “A defesa da Cobasi manifesta sua completa indignação com qualquer fala que indique a possibilidade de que, ao final das exaustivas investigações, a autoridade policial venha a proceder ao formal indiciamento de qualquer de seus colaboradores.

    A equipe da loja localizada no shopping Praia de Belas —assim como toda a população e autoridades do RS —, foi surpreendida por um evento da natureza de proporções imponderáveis, estado de coisas que, por si só, já tornaria incogitável que a causa da morte dos animais da loja possa ser distorcida para uma acusação de crime doloso que demandaria, inclusive, requintes de crueldade em sua configuração.

    É lamentável que em torno desse capítulo da tragédia, que afetou impiedosamente todo o povo gaúcho, esteja sendo construída uma narrativa famigerada e inverídica. Por fim, causa espécie que se venha ignorando por completo as iniciativas tomadas pela administração do shopping Praia de Belas no endereçamento da situação, proibindo o ingresso de funcionários da Cobasi nas suas dependências, ao mesmo tempo em que emitia repetidos comunicados aos lojistas, informando-os que a situação encontrava-se administrada.

    A defesa da Cobasi acredita que, a despeito da repercussão midiática que o lamentável episódio ganhou, seu desfecho não virá a partir de contorcionismos jurídicos e conclusões levianas.”

    Sob supervisão de André Rigue