Polícia indicia dois no caso da jovem estuprada após ser deixada na rua em BH
Homem de 47 anos foi indiciado por estupro de vulnerável; motorista de aplicativo que deixou a vítima na rua poderá responder por abandono de incapaz
Após conclusão do inquérito, a Polícia Civil de Minas Gerais indiciou pelo crime de estupro de vulnerável o homem de 47 anos suspeito de ter estuprado uma jovem de 22 anos no dia 30 de junho em Belo Horizonte (MG).
O homem aparece nas imagens carregando a vítima nos ombros depois que ela foi deixada na rua, desacordada, por um motorista de aplicativo. Antes, ela havia ido a um show do cantor Thiaguinho no estádio do Mineirão, onde teria consumido bebidas alcoólicas.
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Caso seja denunciado e condenado, o suspeito de ter praticado o estupro pode pegar 15 anos de prisão. Segundo a delegada responsável pelo caso, Danubia Quadros, o motorista de aplicativo que deixou a jovem na calçada também foi indiciado e pode pegar três anos de prisão pelo crime de abandono de incapaz.
O amigo da jovem que solicitou a corrida por aplicativo e o motociclista que aparece nas imagens ajudando o motorista a carregar a mulher não foram responsabilizados criminalmente.
“A polícia judiciária trabalha apurando crimes com responsabilidade penal. Por falta de previsão legal, não foram indiciados o amigo, entre aspas, da jovem e também o motociclista que eventualmente passou ali no momento e ajudou o motorista a retirar a jovem do carro”, explicou a delegada.
O que dizem os envolvidos
Durante as oitivas, o suspeito de ser o autor do estupro alegou que não cometeu o crime, mas optou pelo direito de permanecer calado.
Já o motorista afirmou que quando chegou para buscar a garota, ela estaria embriagada, mas acordada. Ele alegou que teria solicitado ao rapaz que que pediu a corrida para que acompanhasse o trajeto pelo aplicativo.
O amigo da jovem teria informado que o irmão dela estaria esperando a moça em frente ao prédio em que ela mora. O motorista disse, porém, que, quando chegou ao destino, o irmão dela não estaria no local. O prestador de serviço acrescentou que tentou ligar para o rapaz que pediu a corrida, mas que ele não atendeu. Ele disse que também tentou, sem sucesso, acionar os vizinhos pelos interfones.
O condutor, então, teria pedido ajuda a um motociclista que passava pelo local. Eles retiraram a jovem do carro, já desacordada, a colocaram na calçada e ambos foram embora.
O motorista afirmou que deu uma volta no bairro em busca de algum lugar onde pudesse comprar um isotônico para ajudá-la a despertar, mas que, quando voltou para a frente do prédio, ela já não estava mais lá. Alegou, então, que supôs que o irmão a tivesse buscado.
A vítima prestou depoimento logo após deixar o hospital. Segundo a delegada, a jovem diz que não se recorda de nada, apenas de ter entrado no carro de aplicativo e ter apagado durante o trajeto. Ainda segunda ela, teria acordado apenas com a movimentação do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) no momento em que era atendida.
A polícia informa que ainda aguarda o resultado de alguns exames, que estão sendo feitos pelo Instituto de Criminalística, mas acrescenta que foi colhido material na vítima e também no suspeito.
“Fomos à casa dele, onde apreendemos uma série de materiais, como roupas. Quando a vítima foi encontrada, ela estava com a calcinha abaixada no joelho e estava coberta por um cobertor, normalmente usado por sem-teto. Encontramos, também, uma camisinha, que continha material parecido com esperma”, detalhou a delegada.
Com a conclusão do inquérito, a Polícia Civil vai oferecer a denúncia ao Ministério Público de Minas Gerais (MP-MG). O principal suspeito do estupro está preso e deve aguardar o julgamento na prisão. O motorista de aplicativo poderá aguardar em liberdade.