Polícia do RJ investiga se anestesista preso teria estuprado seis mulheres
Casos teriam acontecido em dois hospitais da Baixada Fluminense no mês de julho; Giovanni Quintela Bezerra está preso preventivamente
A Polícia Civil investiga seis estupros que podem ter sido praticados pelo médico anestesista Giovanni Quintela Bezerra durante procedimentos cirúrgicos. Cinco casos teriam ocorrido na mesma unidade onde o estupro foi flagrado, no último domingo (10), em São João de Meriti. O outro caso teria acontecido no Hospital Estadual da Mãe em Mesquita, também na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro.
Nesta terça-feira (12), a Justiça do Rio de Janeiro manteve a prisão do anestesista. Ele ficará preso preventivamente e deve ser encaminhado para o presídio de Bangu 8, no Complexo de Gericinó, na Zona Norte do Rio.
Na decisão, a juíza chamou a atenção para a gravidade do ato praticado pelo acusado, que sequer se importou com presença de outros profissionais, atuando ao seu lado, na sala de cirurgia. A magistrada destacou ainda a brutalidade e a crueldade da ação, demonstrando o mais completo desprezo do custodiado pela dignidade da mulher, pela ética médica e pelo compromisso profissional que firmara não havia muito tempo.
A delegada Bárbara Lomba afirmou durante entrevista coletiva que as suspeitas começaram há cerca de um mês, quando integrantes da equipe de enfermagem notaram o comportamento estranho do anestesista durante as cirurgias. Ao notar as atitudes atípicas, uma das técnicas de enfermagem passou a ficar perto do médico durante os procedimentos. A técnica contou em depoimento à polícia que o médico passou a ficar incomodado com a presença dela e por algumas vezes tentou intimidá-la.
“Começou a olhá-la de forma intimidadora, tratá-la rispidamente, dando a entender que ela não deveria estar na sala. Ou seja: fazendo uma pressão de alguma forma, para que ela se sentisse incomodada e saísse da sala. Uma vez ele também fechou esse capote na frente dela, porque que ela estava observando […] Ele tentava afastar essas pessoas e exercer poder”, explicou a delegada.
A delegada contou ainda que os médicos que participaram da cirurgia no último domingo (10) contaram que não perceberam o ato, mas estranharam a sedação que as vítimas recebiam. Segundo os médicos, é algo incomum. A Polícia irá apurar se houve descumprimento de protocolos, o que caracterizaria violência obstétrica. Três vítimas já foram à Delegacia de Atendimento à Mulher, na Baixada Fluminense para prestar depoimento. O marido da paciente vítima de estupro no último domingo (10) é aguardado na delegacia para prestar depoimento nesta quarta-feira. De acordo com a delegada Bárbara Lomba, a vítima só deve ser ouvida após receber a alta médica.
A Polícia Civil tenta descobrir quantas cirurgias o anestesista participou para saber se há outras vítimas.
O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) aprovou, em plenária, a suspensão provisória do médico Giovanni Quintella Bezerra, após ter acesso às imagens gravíssimas de estupro de uma paciente. Com isso, ele fica impedido de exercer a medicina no estado do Rio de Janeiro. Em paralelo, está sendo instaurado no Cremerj um processo ético-profissional, cuja sanção máxima é a cassação definitiva do registro.
A CNN ainda tenta localizar a defesa do anestesista.