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    ‘Polícia brasileira atua a partir de viés preconceituoso e racista’, diz Anistia

    De todos os mortos por intervenção policial no ano passado, 79% eram negros

    Da CNN

    Em uma análise dos dados do 14º Anuário de Segurança Pública, que foram divulgados nesta segunda-feira (19), a diretora executiva da Anistia Internacional no Brasil, Jurema Werneck, criticou a política de guerra às drogas e avaliou que a morte de pessoas negras tem relação com o que classificou como o desmantelamento de políticas e mecanismos de combate ao racismo.

    “Na Segurança Pública, temos uma visão equivocada que já dura várias décadas, que é a chamada guerra às drogas, que mira, basicamente, quem mora na favela, como se a droga fosse um problema de guerra e brotasse lá”, afirmou.

    “Essa política que reitera o confronto é muito perniciosa, e mira jovens negros, porque o que estamos vendo é que as polícias e os estados enxergam os jovens negros como inimigos da nação, e isso tem que ser interrompido”, acrescentou.

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    Menino usa máscara de proteção na favela de Manguinhos, no Rio de Janeiro
    Menino usa máscara de proteção na favela de Manguinhos, no Rio de Janeiro
    Foto: Ricardo Moraes/Reuters (9.abr.2020)

    A pesquisa mostra que o principal grupo de risco da violência letal no país são os homens negros e jovens. Em 2019, 74,4% das vítimas de mortes violentas intencionais eram pessoas negras e 25,3% pessoas brancas.

    Os negros também são as maiores vítimas de mortes provocadas pela polícia. De todos os mortos por intervenção policial no ano passado, 79% eram negros. Em contrapartida 65% dos policiais assassinados eram pretos ou pardos.

    Para Jurema, “esses números são autoexplicativos”. “Pessoas negras, principalmente homens jovens negros, estão sendo mortos no Brasil. E mortos por agentes do estado, pois os números de mortos pela polícia são muito dramáticos”, classificou.

    “A polícia brasileira é extremamente violenta e atua a partir de viés preconceituoso e racista. Quando se impede essas operações descontroladas nas favelas do Rio, o número de mortes cai”, exemplificou.

    Segundo ela, o que está por trás disso é “uma visão racista que não tem sido confrontada, trabalhada nem impedida de circular”. “Ou seja, o racismo presente na sociedade não está sendo impedido de agir”, defendeu. 

    “A gente teve muita luta para construir uma série de políticas, mecanismos, indicadores e  instrumentos para enfrentar o racismo – seja nas políticas públicas ou na socieddade –  e isso está sendo desmatelando. O resultado está aí”, lamentou.

    Mortes no Brasil

    De acordo com os dados do 14º Anuário de Segurança Pública, o Brasil registrou 25.712 mortes violentas intencionais no primeiro semestre de 2020, de acordo com o 14º Anuário de Segurança Pública.

    O número representa um aumento de 7,1% na comparação com o mesmo período do ano passado, apesar do contexto de isolamento social por causa da pandemia da Covid-19.

    As mortes violentas intencionais incluem homicídio doloso, latrocínio, lesão corporal seguida de morte e mortes decorrentes de intervenções policiais.

    (*Com informações de Paula Martini, da CNN, no Rio. Edição: Sinara Peixoto)