Povos indígenas superam estereótipos em busca de inclusão digital e preservação
Quando se fala em direitos constitucionais dos povos indígenas, não se trata apenas de terras demarcadas, direito à saúde e à educação. A inclusão digital também faz parte disso. A Constituição de 1988 estipula que é dever do Estado garantir a esses povos a inclusão a meios culturais usados por todos, e uma simples busca por canais, perfis e portais criados e mantidos por pessoas indígenas ajuda a entender a importância desse acesso.
“Basta dar uma olhada em qualquer matéria de jornal em que apareça algum indígena com celular na mão para ver uma enxurrada de comentários racistas criticando isso, como se um indígena não pudesse ter um celular, ou como se nós deixássemos de ser um indígena por ter um celular, por ter um computador, por ter acesso a mídias. Não é bem assim que as coisas funcionam”, revela Daiara Tukano, mestre em direitos humanos pela Universidade de Brasília e pesquisadora do direito à memória e verdade dos povos indígenas.
“Uma pessoa não vai deixar de ser negra por ter um celular, não vai deixar de ser árabe por ter um celular. A identidade indígena diz respeito a uma cultura, a um povo, a uma civilização, que faz parte de um território”, completa.
Daiara, que também é artista e comunicadora independente, é uma das entrevistadas do novo episódio do Entre Vozes. Ao lado dela e de outras vozes, Luciana Barreto resgata o histórico de inclusão digital dos povos indígenas no Brasil. O processo, embora marcado por estereótipos e racismo, vem permitindo uma presença digital cada vez maior de indígenas na internet, que se articulam em movimentos que vão desde a difusão de elementos culturais de seus povos até a resistência contra retrocessos ambientais.
Também participam do episódio Rodrigo Baggio, fundador da ONG Recode, e Oremê Ikpeng, idealizador do Mawo, um centro de documentação e pesquisa para a preservação audiovisual indígena.
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