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    PF investiga o caminho do ouro ilegal em terras indígenas pelo Brasil

    Equipes montam organograma de quem extrai, vende e exporta o produto

    Elijonas Maiada CNN

    Em Brasília

    A Polícia Federal está dando prioridade para inquéritos que investigam garimpos ilegais pelo Brasil, principalmente em terras indígenas. Mais de cinco operações foram realizadas em fevereiro em quatro estados, reunindo elementos para novas investigações.

    A CNN teve acesso a alguns detalhes dos inquéritos.

    Mato Grosso

    Em Mato Grosso, uma rede de extração e venda ilegal de ouro está na mira da PF em Sararé, que é uma terra indígena. A apuração aponta que o núcleo da organização criminosa é investigado também por usurpação de matéria-prima pertencente à União Federal e sua comercialização irregular no mercado, inclusive com remessa do minério para São Paulo.

    As investigações decorrem de informações obtidas na Operação Rainha do Sararé, deflagrada em agosto de 2022. Segundo a análise dos dados financeiros, no período de menos de três anos foram identificadas mais de R$ 47 milhões em movimentações suspeitas, fragmentadas em inúmeras transações, segundo a PF.

    A ação anterior focou nos empresários que comercializavam o ouro, por isso o nome “Rainha de Sararé”, em alusão a uma empresária da região que se intitulava dessa forma. A investigação atual foca em quem está na ponta, extraindo de forma ilegal e repassando para os empresários.

    “Parte dos membros da associação são sócios de empresas que comercializam ouro e joias, portanto, presume-se que utilizavam de atividade ilícita a fim de esquentar o ouro extraído de forma ilegal na terra indígena Sararé. Queremos descapitalizar a organização criminosa”, explicou o delegado federal Rodrigo Vitorino Aguiar.

    Na terça-feira (28), a PF prendeu um empresário que fazia o meio de campo entre quem extrai e quem compra. A investigação aponta que ele comprava ouro em Sararé e revendia em outras regiões.

    Foram apreendidos 334g de ouro, 1kg de mercúrio, joias, 3 veículos, sendo dois carros e uma moto, um motor estacionário, uma motosserra, um barco, um motor de poupa, duas britadeiras de concreto e celulares

    Yanomami

    No Território Yanomami, em Roraima, a PF também investiga um grupo que movimentou R$ 271 milhões em quatro anos relacionados a ouro ilegal, conforme antecipou a CNN.

    As investigações tiveram início após uma denúncia anônima indicar que o proprietário de uma loja de materiais para construção no estado estaria utilizando a empresa para movimentar valores para aquisição de ouro de precedente criminoso.

    Tocantins

    Em Tocantins, o inquérito “Kukuanaland” investiga suspeitos que emitiam notas fiscais falsas da venda do ouro, acobertando a extração em terras indígenas e de garimpos ilegais em outros estados. O grupo viabilizou a venda a instituições financeiras e exportadoras.

    As apurações revelaram que o ouro era vendido quando as pessoas tinham posse de uma Permissão de Lavra Garimpeira (PLG). E assim foi identificada a “lavagem” de ouro retirado de forma ilegal no valor de mais de R$ 130 milhões, o que representa em torno de 300 kg de ouro puro.

    “O objetivo é identificar a origem do ouro retirado ilegalmente da região amazônica, provavelmente em reservas indígenas. O outro era esquentado com notas fiscais frias e era exportado para empresas no Brasil”, declarou o delegado da PF Omar Peplow à CNN.