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    Perfil de morador da Vila Madalena se transformou nos últimos 40 anos

    Reduto de classe média baixa até os anos 1970, bairro passou de opção acessível no centro expandido para uma das mais cobiçadas da cidade

    Priscila Mengue, do Estadão Conteúdo

    Embora esteja cada vez mais evidente, a verticalização da Vila Madalena, bairro da zona oeste de São Paulo, é motivo de conflito em parte da vizinhança. Menos se fala, contudo, de outra mudança também gradual, que se intensifica: a de classe social. Um reduto de classe média baixa até os anos 1970, o bairro passou de uma opção mais acessível no centro expandido para uma das mais cobiçadas.

    Para o professor de Urbanismo da USP Nabil Bonduki, a região vive gradual e lenta mudança de perfil iniciada há mais de 40 anos, quando estudantes da USP passaram a morar ali, quando o custo de aluguel era mais baixo que no entorno. “Esse perfil que gosta hoje da Vila Madalena como boêmia, lugar de artistas, faz parte da mudança de perfil de renda da população. Aquilo que muitas vezes é exaltado é parte desse processo de certa elitização do bairro”, aponta.

    Ele cita seu próprio exemplo. Quando comprou uma casa no bairro, em 1979, “não tinha condição de comprar em outro lugar nesse quadrante entre a (Avenida) Paulista e a Cidade Universitária. Os outros eram muito caros.” O perfil residencial era basicamente de casas autoconstruídas até os anos 1980, quando a verticalização ganhou espaço lentamente. “Era um bairro popular, com serralheria, marcenaria, padarias e bares populares.”

    O atual Plano Diretor, de 2014, por exemplo, estimulou edifícios com comércio no térreo, sem garagem e com unidades pequenas. Porém, como lembra Bonduki, relator do plano à época, a Lei de Zoneamento posterior abriu uma brecha de três anos que permitiu apartamentos distantes do padrão desejado pelo poder público, com grande metragem e diversas vagas de garagem, o que reduziu a capacidade de adensamento. Para ele, o interesse imobiliário era esperado pela localização, a infraestrutura e o “charme” a que a Vila é geralmente associada. “Quem ainda mora em casa já tem perfil de renda mais alto, e quem está chegando mantém isso, com exceção talvez dos apartamentos menores, que podem ter uma juventude de classe média.”

    O Mapa da Desigualdade de 2020, que compila dados de fontes públicas expõe este perfil. Ele aponta os distritos que a Vila Madalena integra, Alto de Pinheiros e Pinheiros, como dois dos que têm menor população preta e parda na cidade, respectivamente 8,1% e 11,1%. Por outro lado, estão entre os com a maior proporção de moradores de até 29 anos, mais de 26%. A remuneração média mensal por emprego formal está entre R$ 4,2 e RE$ 5,3 mil.

    Passado

    Professor de História na Unesp, pesquisador da Vila Madalena e morador do bairro por mais de 60 anos, Eduardo José Afonso percebe as mudanças. Ele considera que a chegada dos universitários foi decisiva. “No início, foi interessante esse contato. Com o tempo, começou a se diluir, surgiram os bares e vinha gente de todo o canto”, diz. Embora empreendimentos destaquem os valores da Vila, Afonso acredita que isso é hoje “mais propaganda do que outra coisa”.

    Aglomerações

    Mesmo com a realização de baladas proibida em São Paulo, a região da Vila Madalena retomou a rotina de aglomerações e chegou a ter registros de festas clandestinas. A disseminação da covid-19, agora com a variante Delta, mais transmissível, tem preocupado as autoridades. Os cuidados de prevenção devem continuar mesmo após a vacinação com as duas doses, tais como o uso prioritário de máscaras com boa vedação, o distanciamento social e a ventilação dos ambientes, entre outros. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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