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    ‘Médico deve decidir sobre cloroquina’, dizem governadores do MA e da PB

    Temas como o uso da cloroquina e a reabertura do comércio foram discutidos pelos governadores do Maranhão e da Paraíba

     

    Em debate promovido pela CNN nesta segunda-feira (18), o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), e o governador da Paraíba, João Azevêdo (Cidadania), discutiram sobre os protocolos adotados pelos estados para enfrentar a pandemia do novo coronavírus. No Brasil, onde foram registrados mais de 240 mil casos de Covid-19 e o número de mortes ultrapassou 16 mil, decisão sobre temas como o uso da cloroquina e a reabertura do comércio têm colocado governantes em lados opostos. 

    Em relação ao uso da cloroquina, o governador do Maranhão defendeu que o medicamento seja aplicado logo no início dos sintomas, ou seja, na fase inicial da doença. “O que fizemos aqui [no estado do Maranhão] foi assegurar o fornecimento ao medicamento, de modo que essa é uma decisão de cada médico, inclusive contando com a autorização dos pacientes. Portanto, não há uma definição normativa. Na nossa visão, nem deveria ter”. 

    “É preciso respeitar a autonomia de cada profissional”, completou. 

    Apesar de defender o uso da cloroquina apenas em casos graves de Covid-19, o governador da Paraíba também concorda que a decisão final cabe aos médicos. “Evidentemente, os casos dependem muito da autorização do paciente. [O medicamento] não tem ainda a garantia da eficácia, entretanto, há uma aplicação, sim, em determinados casos. Sabemos que apenas em ambientes hospitalares esse medicamento pode ser ministrado, até porque as consequências, e o que acontece em termos de arritmia cardíaca e danos à retina, estão sendo comprovados em pacientes que fazem uso [da cloroquina]”, analisa.

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    “Eu não tenho dúvida nenhuma, que se comprovada a eficácia do medicamento, os médicos farão a sua recomendação. Nesse momento, os médicos têm a palavra final para a utilização”, concluiu. O governador espera que o Ministério da Saúde formalize essa utilização por meio de um protocolo. 

    Por outro lado, Flávio Dino apontou para uma possível “politização” em torno do medicamento. “O problema central é que, infelizmente, esse tema da cloroquina, acabou virando um tema político, nós já tivemos dois ministros da Saúde demitidos por esta razão”, disse. 

    Em relação aos efeitos colaterais, Dino afirmou: “como o governador João Azevêdo acabou de dizer, há a possibilidade de ter efeitos colaterais ou contraindicações, como há exemplos de qualquer medicamento. Não é a cloroquina, é qualquer remédio. Basta abrir a bula e ler”. 

    Auxílio aos estados e municípios

    Em relação ao projeto de lei que trata do auxílio aos estados e municípios, Flávio Dino acredita que a sanção por parte da Presidência deve ocorrer o mais rápido possível. “Não se trata de um favor do governo federal, e sim de um dever”. “Espero que o [presidente da República Jair] Bolsonaro entenda que isso é de interesse nacional”, afirma. 

    Para o governador da Paraíba, a medida não irá resolver 100% do problema dos estados, mas irá minimizar os impactos. “O estado espera [a sanção] há mais de 40 dias, desde quando o governo federal lançou esse pacote de auxílio. A medida em que o tempo passa, maior o déficit que o estado tem”, alerta.

    Em se tratando da questão do reajuste dos servidores, Azevedo concorda que não é o momento ideal. “É claro que, diante desse momento, não se prevê nenhum tipo de aumento. Nós vamos, ainda, passar por momentos muito difíceis dentro das finanças estaduais”. 

    Auxílio emergencial

    Questionados sobre a suficiência do prazo do auxílio emergencial – que consiste em fornecer o valor de R$ 600, no período de três meses aos trabalhadores informais e autônomos – João Azevêdo acredita que isso dependerá do “perfil epidemiológico” de cada estado, a depender do número de casos confirmados. “Estamos subindo uma ladeira de contaminação. Esperamos que essa medida dos três meses seja suficiente, mas quem vai indicar isso será exatamente essa situação, que tanto nós lutamos por meio do isolamento social”. 

    Neste contexto, o governador do Maranhão ressaltou a gravidade das críticas direcionadas aos governos estaduais durante o combate à pandemia. “É importante entender que o que está causando prejuízo econômico não é o decreto tomado pelos governadores, como o João Azevêdo acabou de destacar. Há uma indevida luta ideológica como se fosse as medidas de distanciamento social que atrapalhassem a economia. Isso é uma falácia. São as medidas de distanciamento social que podem salvar a economia”, ressalta. 

    “Quanto mais rápido o coronavírus for embora, melhor será para a economia”, afirma Flávio Dino. Ele também defende a continuidade do auxílio emergencial. “Precisamos entender que o auxílio emergencial é uma imperatividade dos indicadores epidemiológicos. Enquanto eles estiverem altos, o auxílio emergencial deve continuar”. 

    “Não temos um horizonte de fim da pandemia. [Espero] que esse benefício seja pago com eficiência, inteligência e dignidade, diferente do que tem corrido até agora”, diz. Sobre o projeto de lei 

    Ministério da Saúde

    Em relação ao Ministério da Saúde, Flávio Dino afirma que teve um bom diálogo com os ministros anteriores, e espera que isso continue com o novo ministro. “Esperamos que seja uma pessoa que dialogue, que tenha diretrizes científicas, como nós tivemos diálogo, tanto com o Nelson quanto o Mandetta”. 

    João Azevêdo espera ter um bom diálogo com o Ministério e defende a existência de um discurso único entre as esferas governamentais. “Espero que o ministro possa dialogar e que como seria bom se nós tivéssemos uma fala única e um discurso único envolvendo o presidente da República, os ministros, os governos [estaduais] e os prefeitos”.

    “Tenho a visão de que todos nós temos um único objetivo: salvar o máximo de vidas possíveis”, afirma. No entanto, ele também aponta para os desentendimentos políticos, que podem atrapalhar, inclusive, até as questões logísticas para o enfretamento da pandemia de Covid-19. “A gente não vê a luz no fim do túnel por conta de questões e picuinhas políticas”, lamenta.