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    Pantanal brasileiro perde 29% de superfície de água em 30 anos

    Pesquisa do Mapbiomas aponta que a utilização do solo neste bioma cresceu 261% para criação de bovinos e agropecuária

    Lucas Janoneda CNN , no Rio de Janeiro

    A maior planície úmida do planeta, o Pantanal brasileiro perdeu 29% das suas superfícies de água nos últimos 30 anos. Os dados do estudo inédito feito pelo MapBiomas foram divulgados nesta quarta-feira (29), durante um webinar nas redes sociais. O levantamento foi produzido a partir de um mapeamento de imagens de satélite entre 1989 e 2020.

    “Na primeira cheia registrada em 1988, esse total era de 5,9 milhões de hectares. Na última, em 2018, a área alcançou apenas 4,1 milhões de hectares. Em 2020, esse valor foi de 1,5 milhões de hectares”, destaca a pesquisa do MapBiomas.

    O Pantanal ocupa atualmente uma área de 150.355 Km², representando 2% do território nacional. O bioma está presente em dois estados brasileiros: Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

    O levantamento mostra que a redução na planície úmida do Pantanal está diretamente relacionada à maior utilização do Bioma, seja para agropecuária ou para criação de bovinos. A pesquisa mostra que a utilização do solo neste território cresceu 261% entre 1985 e 2020. Neste período, a área de pastagem dobrou 15,9%. Nos mesmos 35 anos, a agricultura, por sua vez, quadruplicou, passando de 1,2% em 1985 para 4,9% em 2020.

    O responsável pela pesquisa, Eduardo Rosa, explicou à CNN que a redução na superfície de água está ‘totalmente’ relacionada a ações humanas, que provocam alterações climáticas e ambientais. Ele destaca ainda que as inundações são ‘fundamentais’ para o bioma.

    “Essa redução na quantidade de água está totalmente ligada a questões climáticas. Primeiro, nós podemos observar uma seca pior do que o habitual. Também é perceptível o aumento no desmatamento, principalmente das matas ciliares, próximas aos rios, crescendo assim o assoreamento e sedimentação dos rios”.

    queimada
    Queimada na região do Pantanal / SAUL SCHRAMM

    Eduardo Rosa também explicou que o Pantanal costumava inundar pelo menos seis meses ao ano. No entanto, ele afirmou que, há alguns anos, o bioma só alaga durante dois meses.

    “O pantanal era mais vezes por ano alagado, pelo menos seis meses. De um tempo p cá, ele alaga somente em dezembro e janeiro. O pantanal depende da inundação. Renova a biodiversidade, todo um ciclo natural. Os animais também se beneficiam desse ciclo”, completou.

    E a redução de superfície de água no Planalto pode representar uma alta no número de incêndios, segundo o levantamento. De acordo com a pesquisa, 57% do território do bioma já foi queimado pelo menos uma vez. Em valores absolutos, o número representa 86.403 km².

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