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    Organizadora de shows da Taylor Swift diz que setor de eventos deve “repensar modelo”

    Especialista em gerenciamento de risco afirma que protocolos de grandes eventos devem considerar emergências climáticas

    Fãs da Taylor Swift apelam para guarda-chuvas para se proteger do sol na fila do show no Rio de Janeiro, em 17 de novembro
    Fãs da Taylor Swift apelam para guarda-chuvas para se proteger do sol na fila do show no Rio de Janeiro, em 17 de novembro Cleber Rodrigues/CNN Brasil

    Isabelle SalemeBruno Laforéda CNN

    Depois da morte de uma jovem, de 23 anos, que passou mal durante o show de Taylor Swift no Rio de Janeiro, no último dia 17, a empresa responsável pela organização das apresentações disse, em nota, que “todo o setor de eventos precisa repensar o modelo diante dessa nova realidade climática”.

    De acordo com a Time for Fun (T4F), também é necessário envolvimento das autoridades competentes no tema.

    Em comunicado publicado nas redes sociais, nesta quinta-feira (23), Serafim Abreu, CEO da T4F, reconheceu que a empresa deveria ter tomado medidas adicionais diante do forte calor que atingiu o Rio no último final de semana. O executivo  reiterou que a situação das mudanças climáticas recentes deve ser discutida pelo setor.

    “Reconhecemos que poderíamos ter tomado algumas ações alternativas, adicionais a todas as outras que fizemos, como por exemplo, criar locais de sombras nas áreas externas, alterar o horário dos shows inicialmente programados e enfatizar mais a permissão de ingressar com copos de água descartáveis.”

    O CEO da T4F elenca algumas medidas que passaram a ser adotadas pela companhia. “Esse aprendizado nos fez incorporar novas práticas para eventos em dias de calor extremo, como fizemos imediatamente nos shows seguintes. Sabemos que, com as mudanças climáticas que estamos vivendo, esses episódios serão cada vez mais frequentes. Entendemos também que todo o setor precisa repensar sua atuação diante desta nova realidade”, disse Abreu.

    Morte de fã

    Durante a primeira das três apresentações da cantora no Rio, Ana Clara Benevides passou mal e chegou a desmaiar. A estudante foi socorrida ainda no Estádio do Engenhão, mas não resistiu e morreu no hospital.

    O laudo do Instituto Médico Legal (IML) apontou pequenas hemorragias no pulmão da jovem. O caso, que foi registrado como morte suspeita, segue sob investigação da Polícia Civil.

    A morte da jovem também fez com que o governo federal determinasse que a T4F garantisse o acesso à água potável em todas as apresentações da cantora no Brasil.

    Além disso, foi editada uma portaria permitindo a entrada de garrafas de água em todos as apresentações a partir daquele momento. O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, definiu a nova regra no dia seguinte ao falecimento da estudante.

    Além de Ana Clara, houve relatos de outros fãs que passaram mal por conta das altas temperaturas. Naquele dia, os termômetros registraram mais de 39°C e a sensação térmica no Rio beirou os 60°C.

    “Faltou sensibilidade e competência”, diz especialista

    De acordo com o especialista em gerenciamento do risco Moacyr Duarte, protocolos de grandes eventos devem considerar as emergências climáticas.

    “Acho que a grande lição que fica é que os protocolos de segurança devem ser flexibilizados. Eles não são sagrados quando você tiver uma prioridade. Então todos entendem que as garrafas d’água com tampinha podem ser preenchidas com líquido e atiradas no palco, ou que elas podem conter drogas solúveis em água, como o MD, por exemplo”

    Duarte avalia que no caso do show da última sexta-feira (17), havia uma emergência climática. “Uma onda de calor excepcional com temperaturas acima de 40° C, num ambiente hiper lotado, que não favorece a circulação de ar, naquela condição de lotação, e não foi flexibilizado o protocolo”, avaliou o especialista.

    Para ele, o que devia ter sido programado na ocasião era a distribuição de água gratuita ou a colocação de caminhões de água potável no local. “Faltou sensibilidade e um pouco de competência técnica à produção”, concluiu.

    O que pensa o setor de eventos

    O presidente da Associação Brasileira de Eventos (Abrafesta), Ricardo Dias, acompanha a organização dos shows previstos para acontecer no Allianz Parque. Segundo ele, o estádio possui a estrutura necessária para atender aos fãs.

    “A gente entende que as medidas tomadas por causa de todas essas consequências da alteração do clima estão sendo observadas na dinâmica do evento. Então acho que o Allianz Parque está super adaptado para receber o público e não ter nenhum tipo de problema com a parte de hidratação”, afirma Dias.